Conexão 13

Edição Jornalística – PUC Minas

Internacional

Monkeypox: dados mundiais e principais dicas para se proteger

Pesquisadora e professora titular do departamento de microbiologia da UFMG, Erna Kroon, esclarece mitos e verdades sobre o vírus

Por Anna Paim, Edilson Nicolau, Gabrielly Ribeiro e Stéfanny Manoelita

A varíola dos macacos, zoonose viral potencialmente transmissível causada pelo vírus monkeypox, tem despertado preocupação internacional. Até o momento, 83 países reportaram à OMS (Organização Mundial da Saúde) a detecção de casos confirmados da doença. O diretor da entidade, Tedros Adhanom, havia comunicado no dia 23 de julho a decretação de estado de emergência global devido à escalada de casos da doença. No dia em que o anúncio foi feito, 70 países haviam confirmado a existência de casos, 13 a menos que o número atual.

Nos Estados Unidos, epicentro da doença, o número de casos comprovados de infecções pelo vírus cresce a cada dia – são mais de 7.500 (fonte: CCD/USA, 5 de agosto de 2022). Por esse motivo, o governo norte-americano declarou estado de calamidade pública e monitora as ocorrências virais já registradas em 48 dos 50 estados da nação.

Cenário Europeu

Na Europa, continente que hospeda mais de 75% dos casos de monkeypox, o país mais assolado pela contaminação é a Espanha, com 4.942 casos confirmados. A médica brasileira que reside e trabalha em Almería, cidade ao sudoeste da Espanha, Thayara Paolla, conversou com nossa equipe e fez um panorama da situação do país em relação à doença. 

A varíola causada pelo vírus monkeypox segue avançando de forma imparável na Espanha. Em pouco tempo atingimos aproximadamente 5.000 casos e as primeiras mortes associadas à doença. As autoridades sanitárias estão preocupadas com a curva crescente no número de infectados, mas acredito que o surto deveria ter sido controlado logo após o seu surgimento.

Existem alertas e orientações feitas pelas autoridades sanitárias explicando sobre formas de contágio, prevenção etc. Porém, percebo que não cumprem com rigor algumas medidas devido ao esgotamento gerado pela pandemia do coronavírus. 

Neste momento, a Espanha administrou mais de 1200 doses de vacinas e deverá receber mais 7000 doses em breve.

Acredito que, assim como já foi erradicada uma vez, a varíola pode ser erradicada novamente. Porém, os vírus sofrem mutações e isso dificulta o controle. O cenário atual não é motivo para nos aterrorizarmos. Devemos sim seguir todas as medidas de higiene e agir de forma consciente, pois ajudar a puxar o “freio” na transmissão também é papel da população em geral.”

América Latina 

De acordo com dados do CDC (Centers for Disease Control and Prevention), no Brasil existem 2.131 casos confirmados da monkeypox. O Ministério da Saúde lançou na última terça-feira (9) um plano de Contingência Nacional contra a doença e estabeleceu o nível máximo de alerta no país.

Esse plano foi elaborado pelo Centro de Operações de Emergência (COE) para Monkeypox. São três níveis de emergência, seguindo o padrão da classificação utilizada internacionalmente. Cada nível é baseado na avaliação do risco da doença, situação epidemiológica e o impacto causado no SUS.

O documento visa, além de orientar ações a serem definidas por estados e municípios brasileiros, estabelece estratégias de capacitação e traz definições para caso suspeito, caso provável, caso confirmado e caso descartado da Monkeypox. Além disso, o plano explica como deve ser feito o rastreamento do contato com o vírus em casos suspeitos.

Varíola dos macacos ou Monkeypox?

Desde que o novo vírus se disseminou ao redor do mundo, uma dúvida vem permeando a população: como devemos chamar a doença? 

Noticiários que antes afirmavam a contaminação da população com a chamada “varíola de macaco”, hoje se referem à doença como “monkeypox”.  E essa é a forma correta, como afirma a professora e pesquisadora Erna Kroon, que indica que não se deve chamar a monkeypox de varíola dos macacos.

Entrevista com a pesquisadora Erna Kroon

O motivo para a troca da nomenclatura, segundo especialistas, visa minimizar possíveis casos de maus tratos em relação aos macacos. Pois, diferentemente do que algumas pessoas possam pensar, o vírus atual não tem vínculo com os primatas. O Ministério da Saúde já aderiu ao termo monkeypox para se referir à doença. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *