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Obama diz acreditar que governo de Biden pode redefinir a relação com o Brasil

No programa “Conversa com Bial” ex-presidente americano comenta sobre falas polêmicas de Bolsonaro e o que espera da relação entre os dois países

Por Lisle Guimarães

O ex-presidente do Estados Unidos, Barack Obama, participou na segunda-feira (16) do programa da TV Globo “Conversa com Bial”, no qual ele apresentou seu livro intitulado “A terra prometida” e respondeu a perguntas sobre a pandemia, a vitória de Joe Biden e o Brasil.

Em relação a esse último tópico, quando questionado sobre a fala do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido), “quando acabar a saliva, tem que ter pólvora”, provocação direcionada a Joe Biden sobre seu posicionamento frente a Amazônia, Obama acredita que Biden como presidente eleito dos EUA, possa ter uma relação construtiva com o Brasil.

“Minha esperança é que, com a nova administração de Biden, há uma oportunidade de redefinir essa relação. Sei que ele vai enfatizar que a mudança climática é real, que Estados Unidos e Brasil têm um papel de liderança a desempenhar. Sei que ele vai valorizar a ciência sobre a Covid-19, e o fato de que o vírus é real.”

Obama também disse que as políticas de Bolsonaro como as de Donald Trump minimizaram a mudança climática e que o Brasil é “obviamente um ator central’ na ação de poder frear ou não os aumentos das temperaturas no mundo. Ele reforçou ainda que teve a sorte de trabalhar com os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff sobre o tema e que “o Brasil foi um líder no passado, seria uma pena se parasse de ser”.

Analisando o contexto da pandemia, o ex-presidente acredita que os dois países – Brasil e Estados Unidos – têm muitas coisas em comum pela forma como estes lidaram com ela e subestimaram a ciência. Dessa forma, ele conclui que o progresso que precisa acontecer no mundo com relação às mudanças climáticas será, em parte, determinado pela qualidade da relação entre os países.

O conflito

O Brasil vem sendo pressionado internacionalmente para que tome medidas contra o desmatamento na Amazônia, porém, o presidente Bolsonaro vem minimizando o problema, chegando a dizer que as queimadas na floresta são culpa dos índios que colocam fogo e que isso é parte da cultura deles.

Devido à negligência quanto ao tema, o país no ano de 2019, em razão do aumento de desmatamento, perdeu o financiamento de projetos para a proteção florestal e da biodiversidade da Amazônia. Uma iniciativa realizada pela Alemanha e a Noruega, que congelaram, respectivamente, 155 milhões de reais e 133 milhões de reais destinados ao Fundo Amazônia.

Assim, mais um capítulo sobre o tema se desdobrou quando Joe Biden, em um debate entre os candidatos à presidência americana, disse que caso eleito iria junto com a comunidade internacional dar ao Brasil 20 milhões de dólares para acabar com a destruição da floresta Amazônica “e se não parar, vai enfrentar consequências econômicas significativas”.

Diante dessa fala, Bolsonaro, apoiador declarado de Trump para a reeleição, não gostou da proposta e respondeu às declarações em sua conta no Twitter, que as classificou como “lamentável” e que seu governo não aceita “subornos” de outros países.

“O que alguns ainda não entenderam é que o Brasil mudou. Hoje, seu presidente, diferentemente da esquerda, não mais aceita subornos, criminosas demarcações ou infundadas ameaças. Nossa soberania é inegociável”.

Com isso, a relação entre eles ficou ainda mais estremecida devido às diversas alegações feitas por Bolsonaro posteriormente e com a sua recusa em reconhecer e dar os parabéns pela vitória de Biden como presidente eleito dos Estados Unidos. Deixando em aberto como será a relação entre os dois países a partir do próximo ano e quais atitudes vão ser tomadas em relação ao Brasil quanto ao desmatamento e às mudanças climáticas.

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