Viadutos vegetados protegem a biodiversidade local
Essas passagens são responsáveis por conectar dois lados de um fragmento cortado por uma rodovia ou ferrovia
Por Stéfane Oliveira – 7º período
A construção de viadutos vegetados surge como uma alternativa para minimizar danos causados pela retirada da cobertura vegetal para construção de rodovias e ferrovias, responsáveis por gerar inúmeros impactos ambientais para toda a biodiversidade local.
Os viadutos vegetados são pontes de travessia de vida selvagem. Sua função primária “é restabelecer a conexão entre os ambientes dos dois lados da rodovia ou ferrovia e aumentar a possibilidade de travessias seguras, sobretudo para animais que de outra forma evitariam cruzar a via”, de acordo com o biólogo e coordenador do Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (NERF-UFRGS), Andreas Kindel, em entrevista ao Fauna News.
Recentemente, o primeiro viaduto vegetado para fauna do Brasil foi inaugurado no Rio de Janeiro para conectar as populações do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), primata ameaçado de extinção e restrito aos últimos fragmentos da Mata Atlântica no Estado. A estrutura foi construída na BR-101, no município de Silva Jardim, entre a Reserva Biológica de Poço das Antas e o Parque Estadual dos Três Picos. Apesar de ser um projeto pioneiro no Brasil, esse tipo de estrutura surgiu desde a década de 1950, e ao longo dos anos foram implementados em países da Europa, Austrália, Canadá e Estados Unidos.
No total, o Canadá possui 44 passagens de fauna selvagens, seis são viadutos vegetados e 38 são passagens subterrâneas, e no trecho da Rodovia Trans-Canadá, que divide o Parque Nacional Banff, tem 82 km de cercas; essas medidas evitaram mais de 80% dos atropelamentos de animais. Já na Holanda, existem 30 viadutos vegetados e estão previstos mais 20.
Ao conectar os fragmentos de matas, os viadutos reduzem o efeito barreira imposto pelas vias, e permitem que as espécies transitem de um lado para o outro da mata, diminuindo a chance de extinção desses animais, além de possibilitar a variabilidade genética entre os grupos.