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Edição Jornalística – PUC Minas

Economia

Brasil poderá ter a maior crise econômica da história após pandemia

A união da instabilidade política com a crise de saúde deixou
o cenário econômico brasileiro ainda mais catastrófico

Por Leonardo Morais, Luísa Olímpia, Thayná Almeida e Verônica Rodrigues

A crise causada pela pandemia do coronavírus poderá trazer novas regras nas relações comerciais, nos hábitos de consumo e no peso do Estado frente ao mercado. Além disso, a crise deve fazer a economia brasileira retrair mais que o esperado pelo governo e por analistas do mercado financeiro, de acordo com projeções do Banco Mundial.

A estimativa do Banco Mundial para a economia brasileira em 2020 é a diminuição de 8%. A projeção para este ano, no entanto, era de um crescimento de 2% de acordo com a mesma instituição. A retração é maior que a média mundial, que é de 5,2%, como prevê a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Segundo o órgão, vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU), a América Latina sofrerá a pior crise social em décadas, com milhões de pessoas passando por desemprego e pobreza.

Ainda, de acordo com a Cepal, os países mais afetados pela crise econômica provocada pela Covid-19 serão Venezuela (-18%), México (-6,5%), Argentina (-6,5%), Equador (-6,5%), Nicarágua (-5,9%), além do Brasil. No entanto, essas projeções dependem da evolução dos casos da doença. As previsões para as maiores potências econômicas são uma diminuição de 6,1% para os Estados Unidos e de 9,1% para a União Européia. A estimativa de crescimento da China é de 1%. Em 2021, espera-se, respectivamente, um crescimento de 4%, 4,5% e 6,9%.

Os números e projeções apontam que esta não será apenas uma recessão, mas a maior que o país já viveu. Algumas consequências desse acontecimento são queda na produtividade industrial, aumento do desemprego e diminuição da renda familiar. A atual recessão vivenciada pelo Brasil, iniciada em meados de 2014, sofreu uma aceleração desde o início da pandemia da Covid-19 e a união da instabilidade política com a crise de saúde deixou o cenário econômico brasileiro ainda mais catastrófico. 

Em uma visão global, a atual crise pode ser classificada como a quarta mais profunda dos último 150 anos. Somente a Crise de 29, além da Primeira e Segunda Guerra  Mundial, podem representar uma crise maior que a gerada pelo coronavírus. A expectativa é de que a renda per capita diminua, em média, 3,6%. Esse fator resultará em milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza.

De acordo com um estudo realizado pelo Sebrae, setores como moda, varejo tradicional, praças de alimentação, construção civil, beleza, logística, transportes e peças automotivas são os mais atingidos pela crise do novo coronavírus. Em razão disso, segundo o Ministério da Economia, o Brasil já possui um aumento de 150 mil desempregados em relação aos meses de março e abril de 2019.

Especialistas do setor econômico afirmam que o aumento do endividamento, a crise nos setores mencionados, bem como a aceleração do desemprego poderão dificultar a retomada da economia, que poderá levar anos para atingir novamente o patamar de 2019. 

Enquanto isso, a crise política se destaca internacionalmente por ações controversas e o estado busca um equilíbrio entre a flexibilização e o isolamento social para amenizar os impactos econômicos e evitar a disseminação do vírus.  

De onde veio a crise?

Antes do coronavírus, os sinais de fragilidade da economia mundial já eram percebidos. O crescimento econômico já estava lento em muitos países, com exceção dos Estados Unidos e da China. O Brasil, no entanto, não se diferenciou da maioria, registrando, segundo dados divulgados pelo IBGE, um crescimento de apenas 1,1% em 2019. Foi o terceiro ano seguido em que o crescimento se mostrou menor que o valor esperado, que era 1,9%. Internacionalmente, havia a guerra comercial entre o Governo Trump contra a China e os conflitos registrados no Oriente Médio.

O coronavírus representou, neste ano, um novo choque para a economia mundial. Os mercados desconfiam das informações oficiais divulgadas; dessa forma, as informações positivas têm uma tendência de serem descontadas e as negativas, ampliadas. O ano de 2020 pode ser caracterizado pela soma desse choque à instabilidade dos mercados financeiros e à vulnerabilidade comercial, geopolítica e financeira que já era percebida.

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