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Edição Jornalística – PUC Minas

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Israel x Palestina: contexto histórico, dados e o conflito atualmente

Por: Estêvão Valentim, Giovanna de Souza, Lara Aguiar, Luiz Barbosa, Pedro Januzzi, Poliana Cestari, Virgínia Caetano

O conflito entre Israel e Palestina é conhecido como um dos mais complexos e duradouros do mundo e voltou a entrar em pauta de discussão internacional após os recentes ataques do Hamas ao sul de Israel e sua retaliação. A guerra tem raízes em uma disputa territorial por uma terra que palestinos e israelenses reivindicam como sua pátria. Historicamente, o conflito é marcado por violência e pela violação dos direitos humanos por ambos os lados.

Contexto histórico

As origens do conflito Israel-Palestina remontam a mais de 3.000 anos, marcadas por uma história complexa de ocupações territoriais e mudanças de poder. A região atualmente conhecida como Gaza testemunhou o domínio de uma série de impérios, incluindo egípcios, babilônios, persas, filisteus e muçulmanos, bem como a ocupação israelense após a formação do Reino Unido de Israel. Além disso, ao longo dos séculos, os reinos de Israel e Judá enfrentaram divisões e invasões estrangeiras, incluindo babilônicos, persas e gregos.

O conflito tem raízes profundas na história e na busca por um Estado judeu na Palestina, pela perspectiva de que eles acreditam ter direito divino e designado por Deus aquela terra, que começou a tomar forma como uma possibilidade ao final do século 19. Nesse período, colonos judaicos começaram a estabelecer colônias e estruturas de Estado, fugindo do antissemitismo na Europa e alimentando um discurso nacional. Entretanto, a tensão se agravou na década de 1920, à medida que o Movimento Nacional Palestino, também em ascensão, passou a ver os judeus que chegavam à Palestina como inimigos. A década seguinte viu o conflito escalar.

Os anos 1930 marcaram um período de antissemitismo impulsionado pelo nazismo na Europa, principalmente na Alemanha e Áustria. Alguns líderes palestinos começaram a apoiar Hitler, enquanto os judeus buscavam refúgio em massa na Palestina. Após a Segunda Guerra Mundial e a derrota do nazismo, a recém-criada Organização das Nações Unidas propôs a partilha do território palestino, culminando na criação do Estado de Israel. Tanto a União Soviética quanto os Estados Unidos apoiaram a iniciativa, desencadeando uma guerra civil entre israelenses e palestinos. Israel prevaleceu na guerra, estabelecendo um estado judeu na Palestina, mas o estado árabe previsto na partilha não se materializou, tornando-se uma fonte central de tensões.


Em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, Israel invadiu a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, territórios que permanecem ocupados até hoje, promovendo uma cidadania desigual, com judeus como cidadãos e árabes e palestinos excluídos. Adicionalmente, colônias formadas por grupos religiosos  na Cisjordânia e Gaza dificultam qualquer resolução, aumentando a opressão sobre os palestinos. Os líderes atuais nesses territórios acentuaram as tensões, afetando tanto os palestinos quanto a sociedade israelense.

O que é o Hamas?

O episódio mais recente do conflito Israel x Palestina foi protagonizado pelo Hamas, a maior organização política e militar de ativistas palestinos. No dia 7 de outubro de 2023, o  grupo atacou o sul de Israel em um episódio considerado uma das maiores falhas de segurança israelense na história.

Em árabe, Hamas é uma sigla para Ḥarakah al-Muqawamah al-‘Islamiyyah, que significa Movimento de Resistência Islâmica. A organização foi fundada em 1987 como uma ramificação palestina da Irmandade Muçulmana, a maior organização islâmica do Egito. Inicialmente, o Hamas tinha como propósito implementar uma luta armada contra Israel e oferecer programas de bem-estar social ao povo palestino. 

O Estatuto do Hamas considera como terra islâmica todo o território da Palestina histórica, incluindo a terra ocupada por Israel atualmente. Em 2017, a organização criou um novo documento utilizando uma linguagem mais moderada e menos radical, suavizando também as acusações de serem antissemitas. O estatuto afirma que a luta do Hamas não é contra os judeus, mas contra o que chama de “agressores sionistas de ocupação”.

O Hamas se recusa a dialogar ou negociar com Israel, tornando-se a mais extremista facção palestina. Em 1993, o grupo se opôs aos Acordos de Oslo, um pacto de paz entre Israel e a OLP – Organização para a Libertação da Palestina – que, em troca de um Estado Palestino independente, desistiu da resistência armada contra Israel. As promessas, no entanto, não se concretizaram, e somente algumas partes do território, como a Cisjordânia, foram redistribuídas.

Diante das tentativas de paz fracassadas com Israel, a credibilidade da Autoridade Nacional Palestina (ANP) entre os palestinos foi contestada. Com isso, em 2006,  após a retirada das tropas israelenses de Gaza, o Hamas venceu as eleições legislativas. No entanto, o Fatah, movimento rival comandado pela ANP, não aceitou o resultado, levando o Hamas a tomar violentamente o controle de Gaza em 2007. Desde então, o grupo detém o controle da Faixa de Gaza, enquanto a ANP segue governando a Cisjordânia.

Atualmente, o Hamas criou instituições autoritárias em Gaza e estabeleceu um poder judicial no território. Segundo especialistas, o grupo controla os meios de comunicação e reprime a oposição e ativismo político nas redes sociais. Alguns países classificam o Hamas como uma organização terrorista, no entanto, a Organização das Nações Unidas (ONU) não utiliza essa classificação.


Apesar de terem alegado que os ataques do dia 7 de outubro foram motivados pela depredação da mesquita de Al-Aqsa, especialistas apontam que outros fatores também podem estar por trás do ataque. A aproximação de Israel com a Arábia Saudita, que anteriormente havia prometido que não reconheceria Israel até que fosse concedida independência aos palestinos, não foi bem aceita pelo Hamas. 

No passado, reféns foram utilizados como moeda de troca para a libertação de palestinos detidos por Israel, o que pode explicar o sequestro de israelenses no último ataque. Além disso, acredita-se que o Hamas buscava reafirmar seu poderio militar, desqualificar a segurança israelense e chamar atenção do mundo para a causa Palestina. 

Dados sobre o conflito

Segundo a organização israelense de direitos humanos B’Tselem, cerca de 10.559 palestinos foram mortos pelas forças israelenses desde 2000, em dados  coletados até o dia 5 de outubro de  2023 – ou seja, não englobam o período após a retomada recente do conflito envolvendo o atentado terrorista do Hamas e a retaliação israelense. Na mesma base de dados, consta que mais de 1.500 israelenses foram mortos nesse período, sendo 889 civis. 

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 32 mil pessoas ficaram feridas no conflito, sem fornecer uma divisão entre civis e combatentes. Mais de 3.700 crianças palestinas foram mortas. O número equivale a mais de seis vezes as 560 crianças que a ONU relatou mortas em 19 meses de guerra na Ucrânia até 8 de outubro. 

Segundo o Balanço Militar 2023 do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), Israel tem 169.500 militares ativos no exército, marinha e paramilitares. Outros 465 mil constituem as suas forças de reserva.

É válido ressaltar que os dados sobre o conflito Israel x Palestina variam conforme a base de dados. 

Como está o conflito atualmente? 

A situação entre Israel e Palestina atualmente é de um impasse. Não há negociações de paz em andamento e, especialmente após os últimos acontecimentos, é provável que o conflito continue por tempo indeterminado. 

Atualmente, o território da Palestina está dividido em dois: Faixa de Gaza e Cisjordânia. A Faixa de Gaza,  controlada pelo Hamas, é um território costeiro de 360 km², localizado ao sul de Israel. Enquanto isso, a Cisjordânia, controlada pela ANP, é um território de 5.860 km², localizado a oeste do rio Jordão. 

Israel controla o acesso à Faixa de Gaza e à Cisjordânia, bem como o espaço aéreo e marítimo da região e as fronteiras da Cisjordânia com a Jordânia e o Egito. Os palestinos afirmam que o controle israelense é uma ocupação militar que viola seus direitos humanos, enquanto Israel afirma que o controle é necessário para garantir sua segurança.

Atualmente, existem centenas de checkpoints israelenses na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Os palestinos precisam passar por esses checkpoints para viajar entre diferentes partes da Palestina. Outra forma de controle territorial utilizada por Israel é o Muro da Cisjordânia, uma barreira de concreto construída por Israel ao longo da sua fronteira com o território. Os palestinos alegam que o muro foi construído ilegalmente, assim como as mais de 130 colônias israelenses na Cisjordânia, que são consideradas ilegais pela comunidade internacional pois estão construídas em território ocupado. 


Essa ocupação viola o direito internacional humanitário, que proíbe a ocupação de territórios por um poder estrangeiro e violam o direito dos palestinos à autodeterminação. Esses pontos de controle e barreiras dificultam o movimento dos palestinos e limitam seu acesso a serviços como educação e saúde. 

Israel também utiliza de métodos de força excessiva e discriminação institucional para controle dos palestinos. Isso inclui bombardeios, incursões militares e assassinatos seletivos, além de leis que discriminam os palestinos no acesso à terra, recursos e serviços. Além disso, os moradores da Faixa de Gaza não têm acesso constante a direitos básicos como água potável e eletricidade em alguns pontos. 

Organizações de direitos humanos, como Médicos Sem Fronteiras e Human Rights Watch relataram que Israel impediu a entrada de médicos e suprimentos na Faixa de Gaza em 2023. Esses relatos foram confirmados por organizações de direitos humanos e Israel argumentou que as restrições à entrada de assistência médica são necessárias para garantir sua segurança, pois alguns médicos e suprimentos poderiam ser usados ​​por grupos terroristas para fins militares.

Especialistas defendem que as restrições de Israel são desproporcionais e violam o direito internacional humanitário, pois têm um impacto devastador na população civil palestina ao dificultar o acesso a cuidados médicos de emergência, podendo levar à morte de pessoas feridas.

Do outro lado, grupos palestinos armados, como Hamas e Jihad Islâmica, têm sido responsáveis ​​por cometer ataques terroristas contra Israel há anos, colocando em risco a população civil e, novamente, violando o direito internacional humanitário. Os ataques incluem lançamento de foguetes e crimes de guerra como assassinato, sequestro de militares e civis israelenses, além da tortura de reféns e prisioneiros.

O Hamas detém o controle interno da Faixa de Gaza há cerca de 15 anos. O grupo criou instituições autoritárias e controla os meios de comunicação, reprimindo qualquer oposição e ativismo político no território. Estima-se que a organização palestina conta com cerca de 30 mil foguetes e morteiros no seu arsenal.

Nos últimos anos, o Hamas e o governo israelense seguem trocando ataques em seus territórios, com mísseis e foguetes. Após os acontecimentos recentes, o exército de Israel vem disparando bombardeios recorrentes em Gaza, matando especialmente civis, e apertando ainda mais o cerco ao território palestino.

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