Conexão 13

Edição Jornalística – PUC Minas

Internacional

Manifestantes se reúnem em apoio à vice-presidente da Argentina

Por Anna Paim, Edilson Nicolau, Gabrielly Ribeiro e Stéfanny Manoelita

Na semana passada, o Ministério Público da Argentina pediu uma pena de 12 anos à atual vice-presidente, Cristina Kirchner. O motivo foi uma suposta corrupção ligada à contratação de empresas que realizaram obras públicas.  Ela foi acusada pelo promotor Diego Luciani de fraudar o Estado em um esquema de desvio de dinheiro público, durante a sua gestão, entre os anos de 2007 e 2015. De acordo com o promotor, “este é, provavelmente, o maior caso de corrupção do país”.

No último sábado (27), milhares de pessoas se reuniram em praças e avenidas da Argentina em apoio à vice-presidente. A convocação foi feita pelas redes sociais. A prefeitura de Buenos Aires ordenou que fossem instaladas cercas no entorno da residência da ex-presidente, em antecipação ao início das manifestações, evitando que os apoiadores chegassem à casa. 

Em suas redes sociais, Cristina Kirchner publicou uma carta questionando a decisão do prefeito da capital argentina, Horacio Larreta. Na publicação, ela cita que nunca houve intervenção da polícia quando os manifestantes estavam protestando contra ela. “Hoje acordei com a esquina da minha casa literalmente sitiada. As cercas colocadas pelo Sr. Larreta são mais do que apenas impedir a livre circulação (…) Eles querem proibir manifestações absolutamente pacíficas e alegres de amor e apoio, que acontecem diante da já inegável perseguição”, afirmou Kirchner.

A publicação da carta no Twitter, intitulada “Las vallas del Sr. Larreta” (Em tradução “As cercas do Sr. Larreta”), já acumula quase 20 mil curtidas e vem gerando grande repercussão.

Print de publicação no Twitter da vice-presidente

Reprodução via Twitter: Cristina Kirchner, publicado em 27/08/2022

Repressão e violência

No mesmo dia das manifestações, houve um confronto entre os policiais e populares, que tentavam derrubar as barreiras ao redor da casa da ex-presidente. Os agentes usaram gás lacrimogênio e bastões contra as pessoas após a derrubada das cercas. Quatro manifestantes foram presos e pelo menos 14 policiais ficaram feridos. 

Militantes fazem vigília há mais de dez dias em frente à casa de Kirchner. O presidente argentino Alberto Fernández lamentou o uso de violência, por se tratar de uma manifestação de cidadãos em “liberdade e democracia”. 

Entre os apoiadores de Cristina também está Raúl Delgado, vereador da Frente de Todos (FdT) e líder do Movimento Octubres, no município de Buenos Aires. “Nós, juntamente com outras organizações, continuaremos a acompanhar Cristina à porta de sua casa. Continuaremos aqui para cuidar dela diante das ameaças permanentes do governo de (Horacio Rodríguez) Larreta e seus seguidores. Sem dúvida, o chefe de Governo brinca de ser o braço executor do partido judicial do país”, disse o vereador em entrevista à agência argentina Télam.

Lideranças de países vizinhos também manifestaram apoio a Kirchner. O venezuelano Nicolás Maduro condenou o pedido de prisão da vice-presidente argentina e disse que a ação é “um ataque de um judiciário intimamente ligado à extrema direita e ao imperialismo norte-americano”. Outros ex-presidentes de países latino-americanos assinaram um documento em apoio a Kirchner e contra a “perseguição judicial e midiática”. Entre os signatários estão o paraguaio Fernando Lugo, o boliviano Evo Morales, o equatoriano Rafael Correa, o colombiano Ernesto Samper e o hondurenho Manuel Zelaya. 

Integrantes do kirchnerismo, como é chamada a ala de apoiadores da vice-presidente, esperam pelo apoio de outras importantes lideranças latinas, como o ex-presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva e o atual presidente chileno Gabriel Boric. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *