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Edição Jornalística – PUC Minas

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Análise de grupos da Copa do Mundo de 2022

A Fifa (Federação Internacional de Futebol Associado) sorteou na tarde do dia 01/04/2022 os grupos da Copa do Mundo de 2022.

Por Ana Maria Rocha, Bernardo Magalhães, João Macedo, Maria Clara Soares, Otávio Loureiro e Rafael Freitas

Retorno da Laranja Mecânica

O grupo formado pelo anfitrião Catar, Equador, Holanda e Senegal promete ser bem equilibrado. A Seleção Holandesa, treinada pelo holandês Louis Van Gaal, vem com grandes nomes do futebol mundial como Virgil Van Dijk, Frenkie De Jong, Memphis Depay e Matthijs De Ligt e é favorita para se classificar em primeiro lugar. Para a segunda colocação, a favorita é Senegal, atual seleção campeã da África, treinada pelo senegalês Aliou Cissé, que tem um time bem interessante, liderado pelo atacante do Bayern de Munique, Sadio Mané, e também conta com outros nomes de renome no futebol mundial, tais como Edouard Mendy, Kalidou Koulibaly e Idrissa “Gana” Gueye e pode surpreender e ir longe na Copa do Catar. 

As outras duas seleções correm por fora, mas não podem ser descartadas. O Equador conseguiu se classificar pela América do Sul jogando um bom futebol sob o comando do técnico argentino Gustavo Alfaro. O time conta com vários jogadores jovens e sua principal peça é o lateral esquerdo Pervis Estupiñán. E o Catar, apesar de não ter nenhum grande nome com todos os seus jogadores atuando no futebol local, é a equipe anfitriã da Copa e atual país campeão asiático. Portanto, pode ser que em uma daquelas histórias que o futebol sempre nos traz nos surpreenda e consiga a classificação. Vale destacar também que o Catar é treinado pelo espanhol Félix Sánchez, que já treinou a equipe sub 20 do Barcelona e vem treinando a seleção desde as categorias de base.

Nivelado por baixo

O Grupo B é formado pela Inglaterra, EUA, Irã e País de Gales, sendo a Inglaterra a favorita. As duas melhores seleções do Grupo B enfrentarão as duas melhores equipes do Grupo A, portanto, pode ser a Holanda, Senegal, Equador ou o Catar anfitrião.

A Inglaterra deve terminar em primeiro do grupo, tendo um elenco recheado de craques, como Harry Maguire, Declan Rice, Phil Foden, Mason Mount, Raheem Sterling, Harry Kane e Jack Grealish. Com um elenco com essa qualidade não se pode falhar na fase de grupos.

Em seguida vêm os EUA como segunda força do grupo. O treinador Gregg Berhalter está confiante em seu elenco, já que grande número de jogadores está ativo na Grã-Bretanha, onde se tem um futebol de qualidade. No entanto, os EUA têm qualidade, especialmente na parte ofensiva, já que parte do time titular joga um futebol em que a parte ofensiva é forte e segura. Provavelmente, os EUA colocarão em campo sua melhor seleção da história no Catar.

Tendo essas duas seleções como principais do grupo, em seguida vem o Irã, com um time pouco conhecido e com uma expectativa não muito alta, já que se trata de uma seleção sem muito histórico de qualidade. A última do grupo é o País de Gales, em sua segunda participação em Copa do Mundo. Eles venceram o play offs, derrotando primeiro a Áustria e depois a Ucrânia. Uma característica forte da seleção galesa é o espírito de luta, o que pode ser um ponto forte, já que a Copa do Mundo é um tiro curto, toda raça e união pode ajudar na classificação do time.

Um figurante no meio dos protagonistas

O grupo C é composto por Argentina, Arábia Saudita, Polônia e México.  A seleção invicta do momento é a Argentina, que não deve ter um período fácil na Copa do Mundo do Catar. Os rivais mais propensos a incomodar os atuais campeões da América do Sul são o México, costumeiro obstáculo e responsável por tirar a Alemanha, em 2018, e a Polônia, sempre perigosa por contar com os serviços do atacante Robert Lewandowski, o atual bicampeão do prêmio de melhor do mundo da Fifa. 

A Arábia Saudita deve ser apenas uma figurante, com chance de atrapalhar um dos protagonistas na briga pelas duas vagas nas oitavas de final.

A atual campeã segue como favorita

O grupo D é formado pela atual campeã do mundo, França, e outros três adversários, que podem ser considerados um grande desafio: Austrália, Dinamarca e Tunísia. 

A Austrália conquistou a penúltima vaga, após superar o Peru em uma disputa de pênaltis, com isso essa será a sexta participação da seleção australiana em Copas do Mundo. Seu ciclo para 2022 não foi lá aquelas coisas: em 2019 foi eliminada da Copa Ásia nas quartas de final e, para conseguir a sua vaga nessa Copa, a equipe venceu os oitos jogos da primeira etapa das Eliminatórias, ficando em 3º  na última fase, e foi para a repescagem contra o Peru. Mesmo com isso a Austrália chega com vontade de jogo, com o objetivo de não ficar na lanterna do grupo. 

 A Dinamarca participará também da sua sexta edição no Mundial, vivendo uma grande fase desde a disputa da Euro 2021, na qual terminou entre os quatro melhores países, é a 11ª colocada no ranking da Fifa, chegando com a vontade de surpreender seus adversários, é uma seleção bem organizada e pode se tornar um problema para os outros times. 

A Tunísia se prepara para a sua sexta participação em Copas, nunca conseguiu avançar de fase, mas a seleção ficou “famosa” pela determinação da sua defesa. Em 47 jogos que disputou desde 2019, o time sofreu apenas 29 jogos em 25 partidas. Sua colocação no ranking da Fifa é a 35ª. A Tunísia poderá apostar no seu estilo de jogo defensivo e na experiência de alguns jogadores para conseguir fazer uma campanha melhor.

 Atual campeã do mundo, a França tem tudo para conseguir avançar de fase e ainda na primeira colocação. Terceira colocada no ranking da Fifa, a seleção chega nessa Copa pronta para defender o seu título e quebrar a maldição de que o campeão do mundo quase sempre vai mal na copa seguinte. No entanto, a curva de desempenho da equipe oscilou recentemente.

Espanha é favorita no grupo E seguida logo atrás pela Alemanha

O grupo E da Copa do Mundo de 2022 é composto por Alemanha, Costa Rica, Espanha e Japão. Duas seleções com muita experiência e tradição em copas do mundo e duas com um pouco menos de experiência. É esperado que as duas seleções europeias se classifiquem sem grandes problemas, e a favorita é a espanhola. 

A seleção da Espanha é a atual 6ª colocada no ranking da FIFA e vai disputar sua 16ª Copa do Mundo. Seu primeiro e único título foi na Copa de 2010. Os espanhóis ficaram entre os quatro melhores na Euro de 2021 e têm uma nova geração promissora com jogadores como Ferran Torres,  Gavi, Pedri e Pau Torres, os últimos dois foram vice-campeões da Olimpíada de 2020, perdendo apenas para o Brasil na final. Apesar de ser uma seleção com talentos jovens, a Espanha vem para brigar com a Alemanha pelo primeiro lugar do grupo e também pelo título. 

A Alemanha é sem dúvida uma potência do futebol. Atualmente está em 11º lugar no ranking Fifa e vem para disputar sua 20ª Copa do Mundo, a segunda maior participante, atrás somente do Brasil. Os alemães não fizeram uma boa campanha nos últimos anos. Na Copa de 2018, ficaram em último do seu grupo atrás de Suécia, México e Coreia do Sul e não se classificaram para a próxima fase. Na Eurocopa de 2021, foram eliminados nas oitavas de final. ainda foi rebaixada na primeira edição da Nations League e na segunda não se classificou. Mesmo com a má fase, a seleção Alemã é tetracampeã do Mundo e conta com jogadores como Manuel Neuer, Gnabry e Kimmich e deve passar em segundo lugar do seu grupo, dando trabalho para a Espanha. 

O Japão, atual 24º colocado do ranking Fifa, vem para disputar sua 7ª Copa do Mundo. O principal jogador é o meia Takumi Minamino, do Liverpool. Mesmo vindo de uma boa fase, vencendo 12 jogos das Eliminatórias da zona asiática (AFC) e terminando como vice-campeão da Copa da Ásia de 2019, os japoneses não devem conseguir avançar para a próxima fase, brigando apenas com a Costa Rica para não ficar em último do grupo.

A Costa Rica é a pior colocada no ranking Fifa do grupo E, em 34º lugar. Vindo para sua 6ª Copa do Mundo, seu melhor jogador é o goleiro Keylor Navas. A melhor campanha da seleção foi em 2014, quando chegou até as quartas de final, eliminada pela Holanda nos pênaltis. Realisticamente a Costa Rica não deve se classificar e deve disputar com o Japão para não ficar na lanterna do grupo.

Grupo F reúne duas das três melhores seleções de 2018

O Grupo F formado por Bélgica, Canadá, Croácia e Marrocos é um grupo que tem uma seleção claramente favorita a Bélgica, os diabos vermelhos apesar de não estarem tão fortes como em 2014 e 2018 principalmente por não terem mais um setor defensivo tão qualificado como o das copas anteriores, continua como uma das favoritas ao título do mundial com jogadores de altíssimo nível como Kevin De Bruyne, Romelu Lukaku, Eden Hazard e Thibaut Courtois e mantém o trabalho do bom técnico espanhol Roberto Martínez. Como destaquei no título desse grupo, essa vai ser provavelmente a última chance desses craques de conquistar uma copa, pois a seleção deve realizar uma transição na tentativa de classificação a 2026.
As outras três seleções devem fazer confrontos bem equilibrados na busca pela segunda vaga, na minha opinião existe um ligeiro favoritismo para Croácia a atual vice campeã do mundo que apesar de estar uma transição, ainda conta com a genialidade de Luka Modric, e tem outros jogadores importantes com destaque para os meio campistas do elenco com Ivan Rakitic, Marcelo Brozovic e Mateo Kovacic. O Marrocos é uma equipe bem interessante tendo como destaques o ala Achraf Hakimi e o meia Hakim Ziyech e vai tentar surpreender. Já a seleção canadense que retorna a uma copa do mundo depois de 36 anos corre por fora, mas pode dar trabalho com investidas ofensivas do lateral Alphonso Davies que é um jogador muito ofensivo e joga na seleção quase como um ponta. Outra coisa interessante de destacar desse grupo também é que Croácia e Bélgica respectivamente, foram segundo e terceiro colocados na última copa e portanto tem a esperança de manter a boa campanha neste mundial.

Vocês de novo?

O grupo G conta com Brasil, Sérvia, Suíça e Camarões.

Considerada a favorita do seu grupo e em busca do hexacampeonato, a seleção brasileira vai estrear no dia 24 de novembro contra a Sérvia, no estádio Nacional de Lusail, às 16h (de Brasília).

Um fato curioso é que esse grupo se assemelha bastante ao da Copa de 2018. Brasil, Suíça e Sérvia voltam a se encontrar na fase inicial, a novidade fica por conta da seleção de Camarões, já que na Copa da Rússia quem completava o grupo era a Costa Rica.

A princípio, considerando que o Brasil é o favorito a ocupar o primeiro lugar do grupo, a disputa deverá ser acirrada por uma segunda vaga. Mesmo com o favoritismo, o Brasil tem pela frente adversários qualificados e confrontos que prometem ser duros. A Suíça em 2018 ficou com a segunda posição e na oportunidade conseguiu “arrancar” um empate por 1×1 com a Seleção Brasileira, mostrando-se um adversário qualificado. Com uma defesa sólida e uma rápida transição ofensiva, a Suíça terminou as eliminatórias invicta, com 5 vitórias e 3 empates, 15 gols marcados e apenas 2 sofridos. A Sérvia, por sua vez, também encerrou as eliminatórias de forma invicta, foram seis vitórias e dois empates, tendo como referência técnica do time o meia-atacante Dusan Tadic, do Ajax. Por último, a seleção de Camarões, que chegou até as semifinais da Copa das Nações Africanas, sendo eliminada nos pênaltis pelo Egito, promete jogos com muita imposição física, forte marcação e estratégia baseada em contra-ataques.

Zebras que preocupam

Pelo último grupo da Copa do Mundo de 2022 no Catar, será possível encontrar o adversário do Brasil em uma provável oitavas de final. Portugal, Gana, Uruguai e Coreia do Sul brigam por duas vagas e almejam a liderança do grupo para evitar um dos maiores favoritos na disputa pelo título da competição.

Na última Copa, a Seleção Portuguesa participou de um grupo relativamente mais fácil, na qual disputou o favoritismo com a Seleção Espanhola e acabou se classificando na segunda colocação. Nas oitavas, Portugal foi batido pelos uruguaios e deu um adeus cedo à competição. Essa é a última Copa do Mundo de Cristiano Ronaldo pela sua seleção, que pode oferecer boas atuações ao público, visto que seus principais nomes do elenco são destaques das principais ligas europeias nos últimos anos.

Após uma Copa surpreendente na África do Sul em 2010, a Seleção Ganesa enfrentou potências na competição em 2014, como Alemanha e Portugal, e acabou sendo eliminada logo na fase de grupos, sem vencer uma partida sequer. Em 2018, a Gana rendeu ainda menos, sendo eliminada ainda nas eliminatórias, num grupo onde a Seleção Egípcia acabou se classificando. A seleção, sendo uma das cinco representantes africanas na competição, repatriou jogadores que têm dupla nacionalidade que optaram por defender Gana. O destaque ficou para Iñaki Williams, artilheiro e ídolo do Athletic Bilbao.

A Seleção Uruguaia aparece bem convencida de que pode mostrar um bom futebol e se destacar na competição. Após passar com 100% de aproveitamento na fase de grupos em 2018 e eliminar Portugal nas oitavas, a seleção sul-americana acabou caindo para a França, que foi a campeã daquele torneio. Com uma mescla interessante entre experientes que já marcaram seus nomes no cenário europeu e jovens que já são uma realidade, o Uruguai deseja repetir o sucesso no torneio em 2010, quando chegou até as semis.

A seleção da Coréia do Sul é difícil de ser avaliada. O treinador português Paulo Bento, que já trabalhou no Brasil, compreende seus jogadores e sabe o potencial deles. A seleção aposta suas fichas no craque Heung-min Son, que se trata de um dos principais jogadores do Tottenham, um gigante inglês. Apesar de não ter muitos nomes conhecidos mundialmente, a seleção asiática já disputou partidas que mostram que ela pode complicar a vida de qualquer adversário. Um exemplo claro foi a vitória sobre a Alemanha, na última partida da fase de grupos da Copa de 2018, quando eliminou a favorita europeia, que acabou ficando na última colocação do grupo.

As expectativas do grupo são de jogos parelhos, mas apontam Portugal e Uruguai como as grandes favoritas, Gana como uma surpresa possível e a seleção coreana, que corre por fora na disputa pela classificação.

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