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Edição Jornalística – PUC Minas

Política

Eleições 2022: guerra de narrativas entra em cena

Por Ana Luiza Pereira, Eduarda Christine, Fernanda Rodrigues, Ísis Gabriella, Gabriel Souza, Mateus Vieira e Wilson Saraiva

Em uma disputa composta por doze candidatos, a política brasileira ainda se agarra às contraposições dos dois lados que partem o Brasil ao meio. O antibolsonarismo e o antipetismo, pela segunda eleição consecutiva, demonstram ser as estratégias determinantes para o resultado da corrida eleitoral. Neste ano, enquanto Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocam-se à frente das discussões, outros  candidatos tentam buscar o meio-termo para ocupar um lugar ao centro na competição.  

A pesquisa Datafolha, divulgada no dia 28 de julho, aponta que Lula lidera a corrida presidencial com 47% das intenções de voto contra 29% de Bolsonaro, com uma margem de erro de 2 pontos percentuais. Se esses dados se concretizarem nas urnas, a disputa será levada para o segundo turno. Para que um dos dois leve a eleição, combater a rejeição será determinante para o resultado. 

Paralelamente, uma pesquisa divulgada pelo Instituto Genial/Quaest,  no dia 3 de agosto, apontou que Bolsonaro é a opção mais rejeitada quando a pergunta é: “em qual candidato você não votaria de jeito nenhum?”. Hoje, 55% dos brasileiros não votariam no atual presidente.  Enquanto que, respondendo a essa mesma questão, Lula não é aceito por 44% dos votantes. Os altos índices de rejeição refletem uma polarização centrada nas figuras pessoais dos candidatos. Em 2022, as eleições serão marcadas não por uma disputa tradicional entre partidos, mas por um confronto entre antipetistas e antibolsonaristas.

Neste cenário, os presidenciáveis buscam reverter a imagem negativa que foi construída por essa parcela da população ao longo dos últimos anos. Há menos de dois meses da eleição, o atual presidente vem adotando medidas populistas para reconquistar parte do seu eleitorado. No dia 14 de julho, o Auxílio Brasil, benefício destinado às famílias em situação de pobreza, passou de R$400,00 para R$600,00, o equivalente a um aumento de 50%.  Além disso, Bolsonaro conseguiu reduzir o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) nos estados, para que os preços dos combustíveis diminuíssem no país. As decisões buscam amenizar as maiores críticas ao governo Bolsonaro, o alto índice de inflação, a perda do poder de compra da população e o aumento da fome.

Por outro lado, Lula apoia a sua campanha nas falhas de Bolsonaro e no saudosismo das conquistas alcançadas durante os seus oito anos de governo. Manter o Auxílio Brasil (antigo Bolsa Família) e dar início a uma reforma tributária que reduza os impostos de consumo e taxe as grandes fortunas, são algumas das propostas de Lula. Os principais projetos do ex-presidente são voltados para a recuperação econômica do país e diminuição da extrema pobreza.

Segundo o cientista político e especialista em pesquisa de opinião, Felipe Nunes, o atual presidente não alavanca fortemente nas pesquisas porque se ocupa em atacar instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF), além da ciência, ao invés de focar em uma economia estável e em melhorias nos níveis de emprego. O tom extremista de Bolsonaro atende às demandas de seus apoiadores mais devotos, mas afasta indecisos. 

Ainda de acordo com Nunes, o estereótipo de um Bolsonaro atrapalhado e grosseiro pesa mais do que o de um presidente incompetente. E, nessa mesma avaliação, Lula é mais lembrado como um governante que ofereceu avanços e conquistas sociais do que pelas acusações da Lava Jato. Portanto, se quiserem vencer o pleito, tanto Bolsonaro, quanto Lula precisarão conquistar a chamada terceira via, ou seja, aqueles eleitores que não se identificam, ou até mesmo rejeitam, o petismo e o bolsonarismo.

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