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Edição Jornalística – PUC Minas

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Distúrbios alimentares ainda são realidade mundial 

Pesquisa aponta que 5% da população feminina sofre de bulimia e 1% de anorexia

por Rodrigo Miranda e Airine Ferreira

Cada vez mais pessoas têm se tornado reféns da busca desenfreada por padrões de beleza estabelecidos pela mídia e pela moda. Essa obsessão pelo “corpo perfeito” pode levar a doenças como bulimia e anorexia, classificadas no grupo de transtornos alimentares pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Os casos de distúrbios alimentares entre os famosos acabam vindo à tona e rapidamente se tornam virais, ganhando notoriedade em vários meios de informação. Entretanto, os mais afetados são as pessoas comuns, anônimas, e insatisfeitas com a própria imagem.  Roberta Ferreira sofreu com distúrbios alimentares dos 14 aos 17 anos. “Eu ficava muito mal comigo mesma, e sabia que estava entrando num buraco sem fundo”, conta. Apesar de ter feito tratamento, efeitos da bulimia ainda se fazem presentes em seu corpo, como crises de gastrite. “Eu acho que eu consegui me recuperar na maior parte. Eu aprendi a inibir o pensamento, mas ele ainda está lá.  É uma luta muito grande, e eu não sei se algum dia vou ter uma relação normal com alimentos”, ela completa. Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a anorexia atinge 1% da população feminina mundial, enquanto a bulimia afeta 5%. 

Nos stories, a cantora Demi Lovato publicou o Antes e Depois da recuperação da bulimia.
Foto: Reprodução/Intenet

Nesse cenário problemático, a indústria da moda é conhecida por reforçar, se não ditar, tais padrões estéticos. Geovana Gomes, modelo na agência Mega Model de Belo Horizonte, conta um pouco do que vivencia inserida nesse ambiente: “Existe muita pressão para manter um corpo magro porque, quanto mais magra você for, mais trabalho consegue. Eu convivi com meninas que não comiam e tomavam diuréticos o tempo todo, vi outras comendo algodão ou vomitando depois das refeições. Hoje, a maioria delas está na Europa trabalhando”. Segundo a modelo, a agência oferece apoio psicológico e testes nutricionais são feitos regularmente. “Mas, quando eles precisam que você emagreça, não ligam para o tipo de dieta que você faz”, emenda.

Filme, O Mínimo para Viver (To The Bone), retrata a luta e os estigmas contra a anorexia. Foto: Reprodução/Internet

Em 2019, a hashtag HealthyFood (#ComidaSaudável, em português) ficou famosa nas redes sociais como forma de combate aos distúrbios alimentares. O movimento começou com a estudante francesa Doriane Sansano, que venceu a anorexia recentemente, e passou a estimular as pessoas a comerem de forma saudável. Em seu perfil no Instagram, ela publica receitas saudáveis para apoiar pessoas que sofreram ou ainda sofrem com algum distúrbio. A iniciativa de Doriane foi reconhecida mundialmente, e o movimento vem sendo propagado na maior parte do globo.

No entanto, especialistas alertam que os transtornos alimentares são doenças sérias e que não devem ser tratadas por influenciadores, mas sim por uma equipe multidisciplinar, com médico psiquiatra, nutrólogo, nutricionista e psicólogo. Ao suspeitar que algum amigo ou familiar está doente, o mais correto é estimulá-lo a procurar profissionais especializados, que possam avaliá-lo adequadamente e determinar o melhor tratamento.

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