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Edição Jornalística – PUC Minas

Economia

Pandemia de Covid-19 afeta faturamento das livrarias

por Alice Arruda, Pedro Corcini, Pedro Paulo Rocha e Thalita Valentin, do 5º período de Jornalismo da PUC Minas

Com a chegada da pandemia do novo Coronavírus e o consequente fechamento do comércio como estratégia para conter o avanço da doença, o mercado financeiro sofreu um grande baque em diversos setores no país. Devido à necessidade de isolamento social, bares, restaurantes, shoppings e lojas foram fechados, prejudicando as vendas e a manutenção financeira desses estabelecimentos. Entre os setores comerciais mais afetados está o de livros, onde foi possível observar um declínio nas vendas de exemplares impressos e o fechamento massivo de livrarias físicas por todo Brasil.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Nielsen BookScan e apresentada pelo Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL), foi registrada em abril de 2020 uma queda de 48% no faturamento do setor em relação ao ano anterior, e uma diminuição nas vendas de exemplares de 2,9 milhões em 2019 para 1,6 milhões no mesmo período deste ano. Mesmo após o relaxamento do isolamento social e a reabertura parcial do comércio, um levantamento realizado pelo portal de notícias G1 mostra que as livrarias físicas estão retomando suas atividades com um registro de 70% de queda nas vendas.

Esses impactos econômicos não foram sentidos apenas por livrarias locais ou de pequenos empresários, mas também por redes tradicionais do país, como  a livraria Saraiva. A Saraiva, que já havia registrado o fechamento de unidades prévio à pandemia, registrou no terceiro trimestre de 2020 um prejuízo de 51,2 milhões de reais, perda superior em 89,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além dos desafios enfrentados hoje por livrarias de todo o país, a reforma tributária apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em agosto deste ano também representa preocupação para o setor. A proposta acabaria com a isenção de impostos sobre material de leitura, o que encareceria o produto em 12%.

É importante ressaltar que o mercado de livros já estava sofrendo antes do início da pandemia. Uma pesquisa realizada em 2018 pela Confederação Nacional do Comércio de Bens (CNC) apontou que no decorrer dos dez anos anteriores o Brasil havia perdido cerca de 30% de suas livrarias. Os dados ainda mostram que a maior parte desses fechamentos aconteceu depois de 2013, tendo pequenos estabelecimentos e livrarias como os maiores afetados. De acordo com Fábio Bentes, economista da CNC, esse encolhimento no mercado é um indício não de que o brasileiro está lendo menos, mas sim lendo de outra forma.

Esse reflexo foi percebido durante o isolamento social, período em que, como consequência do fechamento do comércio, o aumento na procura por ebooks e vendas virtuais foi perceptível. Um levantamento realizado pela distribuidora de ebooks Bookwire mostrou que o número de exemplares vendidos entre março e abril deste ano, meses que marcaram o início do isolamento, foi maior que todo o volume de 2019. Em 2020, até o momento, foi registrada a venda de 9,5 milhões de exemplares virtuais, em comparação aos 4,7 milhões do ano anterior. Isso reafirma o argumento de Fábio, de que os brasileiros estão migrando para o hábito de leitura virtual.


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