Saiba mais sobre o caso do médico indiciado por abuso sexual de pacientes em Minas
Danilo Costa foi indiciado pela Polícia Civil na última segunda-feira (17); entenda possíveis próximos passos do processo e da investigação
Ana Pardinho, Gabriela Paiva, Laura Scardua e Tainá Lopes
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) indiciou o médico mastologista Danilo Costa, de 46 anos, por estupro, assédio sexual, violação sexual mediante fraude e importunação sexual na última segunda-feira (17). Até então, as investigações dão conta de pelo menos 15 vítimas, mas a apuração segue em aberto.
Relembre o caso
No dia 4 de fevereiro, Danilo Costa foi preso preventivamente, a pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da 3ª Promotoria de Justiça de Itabira, acusado de estuprar uma paciente em tratamento de câncer de mama. O crime teria acontecido no dia 24 de janeiro de 2025, durante uma consulta no Hospital Nossa Senhora das Dores, uma instituição filantrópica que funciona em Itabira, região Central de Minas, desde 1854.
De acordo com a PCMG, a primeira a denunciar Costa foi a vítima do dia 24 de janeiro, de 52 anos. Apesar de ter ficado muito abalada com o ocorrido, a paciente conseguiu prestar queixa após receber apoio da filha.
Após os laudos periciais para investigar o caso, ficou constatada a presença de PSA no corpo da vítima, proteína produzida pelas células epiteliais da próstata. No entanto, o exame deu negativo para a presença de espermatozoide. “Isso indica que o material colhido pertence a um homem vasectomizado. Durante as investigações, conseguimos verificar que esse suspeito havia feito essa cirurgia [vasectomia] tempos antes. Isso é mais um indício que robustece as investigações”, explica o delegado João Martins Teixeira.
Após a repercussão da acusação, o Hospital Nossa Senhora das Dores publicou uma nota de repúdio quanto ao fato e afastou o médico. Além disso, a instituição afirma estar à disposição das autoridades para apuração dos fatos e que medidas jurídicas estão em andamento. “A instituição deixa claro desta forma que não tolera qualquer conduta inadequada dos seus profissionais e assegura que todas as medidas cabíveis estão sendo adotadas para a completa elucidação do ocorrido”, consta na nota.
Mais denúncias
Após a divulgação do caso, outras mulheres prestaram depoimento à Polícia Civil relatando também terem sido vítimas do investigado. A polícia seguiu as investigações e apurou, até a publicação desta reportagem, que são cerca de 15 vítimas, dentre elas, pacientes e até mesmo colegas de trabalho.
Além de atuar no hospital Nossa Senhora das Dores, de acordo com registros profissionais, o mastologista também atendia em uma clínica particular em Itabira. Apesar disso, as investigações apontam que há vítimas do médico em Barão de Cocais e João Monlevade, também localizadas na região central de Minas Gerais.
Ainda segundo a polícia, o possível primeiro caso de abuso ocorreu em 2012 com pacientes do SUS. A maioria das vítimas de Danilo tinha em média de 35 a 52 anos, faixa etária das pacientes atendidas por ele. “Conseguimos perceber um padrão das vítimas. Elas eram muito vulneráveis, seja por uma doença ou por alguma questão de conflito familiar”, afirma o delegado responsável pelo caso.
Mesmo com a conclusão do inquérito, a PCMG acredita que o suspeito fez mais vítimas do que foi apurado. “Por isso, a Polícia Civil permanece vigilante e aberta para receber novas denúncias. Caso necessário, outro inquérito policial será instaurado”, informa.
A defesa dele afirmou que vai se pronunciar somente depois de examinar detalhadamente o inquérito policial. Durante o depoimento à polícia, o acusado permaneceu em silêncio.
Prisão preventiva
A prisão preventiva, decretada pela 1ª Vara Criminal de Itabira, tem fundamento na “garantia da ordem pública, diante da gravidade concreta do delito, supostamente praticado dentro de consultório, durante atendimento médico, bem como visando se evitar o cometimento de novos crimes”, de acordo com o MPMG.
No dia 6 de fevereiro, a Justiça negou o pedido de revogação da prisão preventiva do médico, que segue detido.
Próximos passos da investigação
A PCMG concluiu o inquérito que apurava os crimes sexuais cometidos por Danilo Costa. Durante 20 dias de investigação, foram realizadas diversas diligências, incluindo os depoimentos de testemunhas e de 15 vítimas, que se apresentaram para denunciar o médico.
Com a conclusão do inquérito, os documentos foram encaminhados ao Poder Judiciário para análise. O próximo passo é o Ministério Público, que avaliará as evidências reunidas pela polícia. Com base nessa avaliação, o MP decidirá se oferece a denúncia formalmente à Justiça. Caso ela seja aceita, Danilo Costa se tornará réu e passará a responder judicialmente pelos crimes a ele imputados.
A investigação, no entanto, não está totalmente encerrada. A Polícia Civil continua aberta a novas denúncias, o que pode levar à identificação de vítimas adicionais. O caso permanece em apuração, e as autoridades seguem buscando esclarecer todos os fatos envolvendo o médico.