Mostra no Cine Santa Tereza celebra samba e sua história em Belo Horizonte
Evento gratuito exibe documentários e filmes sobre o samba, incluindo um lançamento sobre sua trajetória na capital mineira
Ana Cecília Araújo, Júlia Maria Sousa, Mariana Maia, Nathália Ferreira
Em clima de Carnaval, o Cine Santa Tereza, na região leste de Belo Horizonte, promove a Mostra Horizontes do Samba que exibirá filmes ficcionais e documentários sobre a história do samba no Brasil e suas principais personalidades. O evento acontece entre os dias 19 e 23 de fevereiro e conta com sessões gratuitas.
O destaque da mostra é o lançamento do documentário Horizontes do Samba, seguido de uma sessão comentada. O filme é resultado de um projeto de pesquisa que embasou o reconhecimento do samba como Patrimônio Cultural Imaterial de Belo Horizonte. O projeto foi desenvolvido pelo Coletivo de Sambistas Mestre Conga, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, a Fundação Municipal de Cultura e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio do projeto República: Núcleo de Pesquisa, Documentação e Memória, com a contribuição de estudantes do curso de Comunicação.
O samba como Patrimônio Cultural
Em dezembro de 2024, o samba foi oficialmente declarado Patrimônio Cultural Imaterial de Belo Horizonte, pela Prefeitura da cidade. O reconhecimento do gênero musical reforçou sua importância cultural e histórica para a capital mineira, consolidando-o como parte essencial da identidade municipal.

O reconhecimento do samba como patrimônio imaterial é uma forma de valorizar a diversidade e a herança cultural afro-brasileira na construção da cidade. De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Brasil possui atualmente 52 bens registrados como Patrimônio Cultural Imaterial, sendo o samba um dos mais representativos da cultura nacional.
O samba em Belo Horizonte tem uma trajetória que começou no final do século XIX, quando a população negra se estabeleceu no arraial do Curral del Rey. Durante o século XX, o samba se consolidou nas periferias da capital, principalmente no morro Pedreira Prado Lopes e no bairro Concórdia, locais onde surgiram as primeiras escolas de samba, como a Pedreira Unida.
A ideia de criar escolas de samba em BH foi trazida pelo sambista Popó, após uma viagem ao Rio de Janeiro nos anos 1930. No entanto, a verdadeira transformação no samba da cidade ocorreu com a introdução do samba-enredo, trazido por Mestre Conga, fundador da Escola Inconfidência Mineira, nos anos 1950. Este processo foi acompanhado pela ascensão do rádio em BH, que ajudou a divulgar os sambistas da cidade e aproximou a música da realidade dos moradores.
Além da popularização do samba nas escolas e rádios, a cidade também foi palco de encontros culturais em diversos bares e clubes, locais que se tornaram redutos do samba. A prática se espalhou por diferentes regiões da cidade, como os bairros Caiçara, Savassi e Lagoinha. Com o tempo, o samba de BH foi ganhando reconhecimento e se tornou, para além de uma manifestação cultural, um símbolo de resistência e identidade para a cidade.
Programação do evento
A mostra tem início na quarta-feira (19), com exibição do documentário Cartola – Música para os olhos (2007), às 17h, e o filme Roda (2011), às 19h. A primeira produção é de autoria de Hilton Lacerda e Lírio Ferreira, e relembra a vida e obra de Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola, um dos grandes compositores da música popular brasileira. Já Roda, filme de Carla Maia e Raquel Junqueira, resgata memórias do samba em BH e intérpretes da Velha Guarda.
Na quinta-feira (20), às 19h, será exibido Samba do Riachão (2001), documentário de Jorge Alfredo que narra a história do sambista baiano Clementino Rodrigues, conhecido como Riachão. No mesmo horário ocorre o lançamento de Horizontes do Samba (2024), produzida por Augusto Carvalho Borges; Carlos Magno Caetano; Igor Barbosa Cardoso; Marcos Maia; Marina Morgan da Costa, e Raimundo Nonato da Silva, a obra traz um panorama histórico e cultural do samba da capital mineira.
Na sexta-feira (21), às 17h, será exibido o documentário Carmen Miranda: Banana Is My Business (1995), de Helena Solberg, que conta a vida e trajetória da cantora. Sábado (22), às 19h, será a vez do filme Jair Rodrigues Deixa que Digam (2020), de Rubens Rewald, dedicado a explorar a vida artística e pessoal do cantor Jair Rodrigues.
No domingo (23), último dia da mostra, será realizada uma sessão de curtas com início às 17h. Serão apresentados os curtas Samba, mulher preta e Mestres do Samba de BH (2024), desenvolvidos pelo projeto Horizontes do Samba, além dos curtas Noel por Noel (1981), de Rogério Sganzerla e Nelson Sargento (1997), de Estevão Ciavatta. A programação tem encerramento com o longa O Pai de Rita (2022), produzido por Joel Zito Araújo. Na comédia, compositores da velha guarda da Vai-Vai partilham um apartamento, décadas de amizade e uma dúvida do passado.
Serviço
Data: 19 a 23 de fevereiro
Local: Cine Santa Tereza – Rua Estrela do Sul, 89 – Santa Tereza, Belo Horizonte.
Entrada: Gratuita. Os ingressos podem ser retirados pelo Sympla, mas também estarão disponíveis na bilheteria do teatro.
Mais informações: https://prefeitura.pbh.gov.br/cultura