Revolução artística digital: a influência dos algoritmos na produção artística independente
Adriano Oliveira, Bernardo Haddad, Luan Versiani, Matheus Eden e Vinicius Tadeu
A produção artística independente tem vivenciado uma revolução silenciosa e poderosa, impulsionada pela influência dos algoritmos e da inteligência artificial. Essas tecnologias proporcionam aos artistas novas formas de criar, distribuir e interagir com o público.
Uma das maneiras mais notáveis é por meio do acesso à informação e inspiração. Plataformas como YouTube e Spotify usam algoritmos de recomendação para sugerir conteúdos relevantes aos usuários. Isso permite que artistas independentes alcancem um público maior e, ao mesmo tempo, descubram novas fontes de inspiração para suas criações. Por exemplo, pode-se encontrar novos estilos musicais ou colaboradores potenciais com base em sugestões algorítmicas, enriquecendo assim a própria arte.
Compositores e produtores têm recorrido à IA para criar harmonias, melodias e arranjos, acelerando o processo criativo. Da mesma forma, escritores utilizam assistentes de escrita baseados em algoritmos para desenvolver histórias e roteiros. Embora os artistas continuem sendo os principais catalisadores, surgem novas possibilidades criativas.
A distribuição e promoção das obras também foram transformadas. Plataformas como o Instagram e TikTok utilizam os algoritmos para destacar conteúdo popular, aumentando a visibilidade dos artistas.
Apesar dos benefícios, essa influência também levanta questões éticas e desafios. Por exemplo, a preocupação com a homogeneização da cultura: à medida que algoritmos promovem o que é popular, podem resultar na marginalização de formas de arte menos convencionais. O crescimento não orgânico traz dúvidas aos artistas, que têm dificuldades em entender o verdadeiro público.
Digão OGK, rapper mineiro, diz: “O crescimento orgânico é importante para entender qual o público a gente mais atinge, que mais se impacta e que vai escutar de maneira repetida a nossa música. Então, conseguimos ter o maior feedback e um retorno do gosto de quem escuta”.
Além disso, a propriedade intelectual e os direitos autorais enfrentam desafios, já que os algoritmos podem ser usados para criar obras derivadas ou até mesmo plagiar o trabalho de artistas independentes.
Inteligência artificial no Grammy
Em julho deste ano, o CEO e presidente da Recording Academy, organizadora do Grammy Awards, Harvey Mason, declarou em entrevista que músicas geradas por inteligência artificial serão elegíveis para premiação em 2024.
“IA, ou música que contém elementos criados por IA é absolutamente elegível para inscrição e consideração para indicação ao Grammy. Ponto final”, disse.
Em setembro, a música Heart On My Sleeve, criada por IA, foi indicada ao Grammy nas categorias de melhor canção de rap e melhor canção do ano. Ela utiliza as vozes dos rappers Drake e The Weeknd – sem a autorização de ambos.
Ghostwritter, autor da música, disse ter utilizado um software treinado para reproduzir as vozes dos dois artistas. Ao justificar a indicação, Harvey Mason disse que: “Ela é absolutamente elegível porque foi escrita por um humano”.