Dividendos: entenda o que são e como funcionam
Os dividendos são uma parcela de lucro líquido de uma empresa distribuídos periodicamente para seus acionistas
Gabriel Ramos, Guilherme Couto, Guilherme José, João Felipe Marques, Pedro de Lima e Thomaz Cruz
No mês de agosto, o Índice de Dividendos (IDIV) registrou queda de quase 4% no valor dos dividend yields* da bolsa brasileira de ações. O IDIV indica o desempenho médio dos ativos que melhor remuneram os investidores. Essa remuneração pode ser tanto sob a forma de dividendos, como juros sobre o capital próprio.
*Os dividend yields são os rendimentos dos dividendos distribuídos; são calculados por uma fórmula.
De acordo com o índice, o valor do rendimento dos dividendos que é repassado pelas empresas aos acionistas diminuiu. Mas, para entender o que isso significa, primeiro precisamos compreender: o que são os dividendos?
Os dividendos são uma parcela de lucro líquido de uma empresa distribuídos periodicamente para seus acionistas. Esses valores remuneram os investidores em valor proporcional à quantidade de ações de cada um. O repasse desses valores é uma estratégia para atrair novos investidores e, consequentemente, valorizar as ações da empresa.
Quem traça de forma mais detalhada esse perfil do investidor é Bruno Lage, especialista em renda variável e assessor de investimentos na empresa InvestSmart XP. Bruno nos conta sobre a importância de uma análise completa acerca de um investimento. Entender os detalhes é de suma importância para que o investidor saiba como será o seu rendimento de dividendos.
De acordo com o assessor, o mais importante para o investidor é entender se a empresa gera lucro, observando também a recorrência desse dividendo: “É necessário observar se nos últimos anos a empresa pagou dividendos e, de preferência, que ela tenha pago de forma crescente. Isso mostra que você está investindo em uma empresa saudável, que gera lucros”.
Bruno também alerta para os riscos acerca dos dividendos. “Além do risco normal do investimento em ações, podemos pensar na falta de reinvestimento como um problema. Às vezes uma empresa de dividendos já é muito grande e não tem onde investir mais, então ela se vê obrigada a distribuir o lucro que gera em forma de dividendos. Ao passo que, se for uma empresa de crescimento que reinvista esses dividendos, ela pode crescer mais e gerar mais lucro no futuro”, explica o assessor.
A queda dos dividend yields tem como provável causa o impacto de fatores macroeconômicos que afetam diretamente o mercado brasileiro. A redução da taxa Selic (taxa básica de juros do Banco Central) em 0,5 ponto percentual e a diminuição da inflação são exemplos que podem levar à variação desse valor. A valorização em alta escala de ações do mercado também pode contribuir para a queda.
Bruno Lage demonstrou otimismo com o cenário para o pequeno investidor: “O pequeno investidor hoje consegue acessar, de forma fácil e barata, grandes empresas pagadoras de dividendos. A Vale custa R$ 62 por cada ação. Uma ação do Itaú está na faixa de R$ 26. Isso facilita o acesso a grandes empresas por parte de pequenos investidores. É possível que pessoas se tornem empreendedoras a partir do mercado de ações. Ou seja, tornando-se sócios dessas grandes empresas”.
Considerando o contexto do mercado, Bruno trouxe dicas para quem possui ações ou tem interesse em investir. “Você pode comprar ações de uma empresa que é considerada boa pagadora de dividendos, fundos imobiliários também são boas opções. Comprar um imóvel por si só é uma boa opção, pois com os aluguéis você obtém esse dividendo. Investir em algum pequeno/médio negócio é uma alternativa, pois futuramente você vai receber os resultados desse investimento”, exemplifica o assessor.
Conforme demonstrado no gráfico abaixo, o índice, com alta variação, está em início de queda após um período de forte aumento nos últimos três meses:
Mas afinal, o que isso representa para o mercado e seus investidores?
Tiago Castelo, assessor na Riva Investimentos, corretora associada à XP Investimentos, conta sua visão sobre a situação e a movimentação das ações no mercado: “Uma eventual queda do IDIV pode não ser significativa no curto prazo, entretanto, caso aconteçam movimentações que desaqueçam o mercado, o investidor pode ser prejudicado no longo prazo, afinal, o pagamento de dividendos nada mais é que uma mera distribuição do lucro”.
Para ele, a forma mais segura de obter retorno por meio de dividendos é investir em empresas mais consolidadas no mercado. “É importante acompanhar o índice de pagamento de dividendos dos últimos 12 meses antes de investir de fato e também os fundamentos da empresa, essa é uma maneira mais segura de entrar no mercado sem se arriscar tanto”, recomenda.
É importante ressaltar que investir em dividendos requer análise e responsabilidade. Recursos como o IDIV são muito importantes para a leitura do mercado e podem contribuir na busca por oportunidades, mas não eliminam os riscos da operação.