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Edição Jornalística – PUC Minas

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E tenho comigo pensado: Deus é cruzeirense e anda do meu lado

Por Pedro dos Santos

Que o Cruzeiro está a um passo de, finalmente, conseguir o acesso, todo mundo já sabe. Mas ninguém esperava que a forma como esse retorno viria fosse tão avassaladora. Parece que o pão que antes caía com a manteiga virada para baixo sequer está caindo. E, depois de tanto tempo sofrendo, o cruzeirense pode dizer que vive dias de paz. Até o que era para dar errado, tem dado certo – como o gol do Rodolfo no último lance, contra o Londrina, ou o pênalti que o Anselmo Ramon isolou, por exemplo.

Lá no início do ano, quando a gestão do Ronaldo ainda era uma incógnita, e muitos torcedores ainda estavam ressentidos com a dispensa do goleiro Fábio, o grande Osvaldo Reis começou a carregar o refrão de uma música do Belchior como mantra para 2022: “Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro. Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro.” 

A partir da primeira vez em que eu ouvi, me identifiquei. Creio que esse seja o sentimento de todo cruzeirense. Desde que a bomba estourou em 2019, com as matérias no Fantástico e a falta de comprometimento em campo, uma palavra que vivia distante do dicionário celeste era paz. Além disso tudo, teve o fator pandemia, que tirou o torcedor do campo e foi um determinante para que a equipe não se encontrasse em campo. O cruzeirense sangrou, sangrou demais. 

Em meio a tudo isso, mais notícias e casos de chorar surgiam no caminho da Raposa: a perda dos seis pontos por não pagamento de dívidas da época do Gilvan, meses a fio de salários atrasados – com os jogadores tendo que fazer vaquinha para bancar cesta básica para os demais funcionários, greves, além da impunidade para aqueles que lesaram o clube e seus mais de 9 milhões de torcedores, que choraram pra cachorro. 

Naquele que deveria ser um ano de comemorações, por conta do centenário, a torcida celeste passou pelo seu momento mais dramático. Além de todo o cenário global causado pela pandemia, a perda do Pablito e a escolha pelos piores nomes possíveis no comando técnico, elenco e gestão – que proporcionaram momentos vexatórios, como o gol contra do Joseph ou a comemoração do jogador do CSA mencionando o “Fala, Zezé” – tiraram o resto de paz e sanidade mental do cruzeirense. Sem dúvidas, no ano passado o torcedor morreu por dentro. 

Mas veio um ano novo, uma nova gestão e, depois de muito tempo, o brilho no olhar celeste voltaria. Apesar de um início de campeonato contestável, era possível vislumbrar uma luz no fim do túnel – que outrora era um trem vindo na contramão. Mesmo quando as atuações não eram das melhores, o cruzeirense reconheceu o esforço, fazendo festa mesmo quando teve derrotas acachapantes, como a eliminação para o Fluminense, na Copa do Brasil, ou a derrota para o rival, na final do Mineiro. 

Tudo isso deu mostra de que existe um trabalho sério e a esperança volta ao coração cruzeirense. O elenco sempre foi limitado, ninguém pode negar. Mas a hombridade que faltou nos três anos anteriores, sobrou neste ano. E a torcida, mais do que nunca, tem jogado junto a esse time de guerreiros e feito a diferença. Não sei o que os próximos anos reservam ao Cruzeiro e a sua torcida, mas uma coisa é certa: depois de tudo o que aconteceu, esse ano nem o clube, nem sua torcida vão morrer. 

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