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Edição Jornalística – PUC Minas

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Eleições presidenciais são tema de aula magna na PUC Minas

Por Ana Luiza Pereira, Eduarda Porto, Fernanda Rodrigues, Ísis Gabriella, Gabriel Araújo, Mateus Vieira e Wilson Saraiva

A Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas, unidade São Gabriel, inaugurou na quinta-feira (25) as aulas do 2º semestre do ano com a palestra “Eleições 2022: Cenários e Perspectivas”. No evento, professores e alunos receberam os especialistas Érica Anita (UFMG) e Carlos Lindenberg (Band Minas, Jornal Metro e Rádio Itatiaia) para uma conversa mediada pelo professor e cientista social Robson Sávio. 

O encontro, apoiado pelo Núcleo de Estudos Sócio-Políticos (Nesp) da universidade, teve como foco debater algumas das questões políticas e eleitorais que têm se destacado no cenário atual. Durante a palestra, os estudantes aproveitaram o espaço e a presença dos especialistas para fazer perguntas relacionadas às estratégias de campanha utilizadas pelos candidatos, polarização política e sobre o fenômeno das fake news.

A cientista política Érica Anita destacou ao longo da sua exposição a relação entre mídia e política, além do problema enfrentado pelo surgimento das notícias falsas a partir das últimas eleições, em 2018. Segundo Érica, as fake news são disseminadas tanto por pessoas que são enganadas e acreditam naquela notícia, quanto por quem sabe que aquela não é uma informação verdadeira, mas, mesmo assim, a espalha. “Em minha pesquisa, identifiquei que 15% das pessoas que compartilham fake news assumem que o fazem propositalmente. É preocupante”, contou a pesquisadora.

Já o jornalista político Carlos Lindenberg chamou a atenção dos presentes para a violência e a intolerância que a recente polarização aflorou. Ao responder o questionamento da professora Viviane Maia sobre o peso do voto evangélico nas eleições, Lindenberg disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já ganha espaço entre os mais pobres. Segundo ele, uma recente pesquisa do Datafolha mostrou que, enquanto Jair Bolsonaro lidera entre os religiosos mais ricos, Lula empata com o adversário em relação aos evangélicos que ganham até dois salários mínimos.

As perspectivas apresentadas durante a palestra evidenciaram a necessidade de analisar e discutir os aspectos que constroem a política brasileira, sobretudo durante o período eleitoral. Luiz Fernando Gonçalves, estudante de jornalismo do 4° período, opinou sobre a influência que a política tem dentro de sua futura área de atuação. “A discussão política é muito importante para a nossa profissão e para esse meio jornalístico em que vamos entrar. Esses debates nos trazem clareza em certos tópicos, nos fazem refletir sobre a realidade que vivemos e nos instigam a pensar em qual postura, nós futuros jornalistas, devemos ter ao tratar sobre o tema política”, disse o estudante.

Luiz Fernando ainda destacou o que mais chamou a sua atenção ao longo da conversa entre os especialistas e os alunos: “Achei muito legal a discussão sobre o marketing político e as estratégias adotadas. Hoje em dia não tem como separar o que é marketing, o que é campanha política e o que não é. É algo que não tem muita diferenciação, já que os candidatos aproveitam para fazer campanhas eleitorais o tempo todo”, concluiu.

Veja algumas das perguntas que os presentes realizaram para os debatedores Érica Anita e Carlos Lindenberg:

Você disse não acreditar que tenhamos agora um candidato de terceira via, bom e conciliador. Isto é para hoje ou por um longo tempo, na sua opinião?

Carlos Lindenberg: “Seria ótimo se tivéssemos hoje, mas não temos. Acredito que no futuro vamos ter. Mas agora não há um nome bom do ponto de vista administrativo e técnico, acima de tudo, apaziguador, que é o mais urgente hoje”. 

Vemos hoje nas mídias sociais, propagandas políticas sem ter cara de propaganda. O quanto as publicidades políticas sem a forma publicitária podem influenciar os eleitores?

Érica Anita: “É curioso como isso nasce das mídias sociais como estratégia de mercado. E que funciona muito bem. Essas ferramentas acabam servindo de propagandas políticas veladas, e desafiam inclusive os parâmetros legais. Mídia social é lugar de criar reputação, imagem, lugar de furar a bolha e atingir outros públicos. Mas, like não é voto”.

Recentemente, vimos Bolsonaro crescer nas pesquisas eleitorais e diminuir a distância para Lula, que vem liderando a corrida presidencial desde o início do ano. O motivo para a recente guinada são as medidas populistas adotadas por Bolsonaro no fim do mandato? 

Érica Anita: “As pesquisas de intenção de voto são um retrato do momento. O atual presidente naturalmente tem uma relevância, já que tem mais visibilidade. Então é natural que Bolsonaro esteja entre os candidatos mais lembrados. O estranho é ele, como atual presidente, não estar na frente. Isso é um reflexo da insatisfação da população com o atual governo. Em relação às medidas populistas, não acredito que o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600,00 tenha feito o candidato crescer nas pesquisas mais recentes. A medida não mostrou ser uma variável de importância para a mudança sensível do voto do eleitor. Já a medida de baixar a gasolina, precisamos observar a longo prazo”.

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