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Edição Jornalística – PUC Minas

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O antigo e o novo do Oriente Médio

Maicon Epifânio, Marco Túlio Amaral

Um outro país que, diferentemente do Egito, está tendo um foco recente nos portais de notícias é o Catar. Todo mundo já sabe que essa é a sede da Copa do Mundo de 2022, mas a cultura do Oriente Médio e dos árabes é um tanto quanto diferente da nossa. Aqui listamos algumas curiosidades sobre o país, o que pode dar uma luz aos leitores sobre os costumes locais.

Localização e informações básicas

  • O Catar fica na Ásia Ocidental e é considerado uma península, uma extensão de terra cercada por água em grande parte. Sua área, um total de 11.610 km até o norte do Golfo Pérsico. O Catar faz fronteira com a Arábia Saudita e separado do país Bahrein pelo golfo.
  • Todo o Catar usa o Rial Catarense – também conhecido como Rial Catariano. Na data de produção deste artigo (agosto de 2022), a cotação da moeda era de 1QAR para 1,40BRL.
  • O idioma mais falado no país é o Árabe, mais especificamente o dialeto Árabe Qatari. A segunda língua do Catar é o inglês, isso devido a um protetorado britânico, que perdurou de 1916 a 1971.
  • A religião predominante do Catar é o Islamismo, mas o país também abriga cristãos, hindus e budistas.

Copa do Mundo em… novembro?!

Um dos diferenciais da Copa do Mundo do Catar para outras edições é a data de realização do evento. Normalmente, o torneio é disputado no meio do ano, ao fim da temporada europeia de futebol. Entretanto, o clima do Oriente Médio não permitiria essa semelhança com as outras edições.

Isto porque no meio do ano, no Oriente Médio, as temperaturas chegam a mais de 41 ºC, num dia comum, o que impediria os atletas de terem um bom desempenho durante as partidas. A FIFA – Federação Internacional de Futebol –, que organiza a competição, alterou as datas para o fim do ano como solução.

Em novembro, as temperaturas têm média de 28 ºC, o que permite que os atletas apresentem um bom futebol. Mas, não se engane, ainda assim, todos os estádios da Copa do Mundo de 2022 serão completamente climatizados, em caso de alguma alta de temperatura.

Economia

O Catar, mesmo considerado pequeno em relação a outros do continente asiático, é um dos países mais ricos do mundo. Isso em função da grande fonte de recursos naturais da região, que passou a ser explorado no meio da década de 1970, quando uma empresa chamada Qatar Petroleum passou a impulsionar a economia local por meio da venda e extração de petróleo e gás. A partir desse ponto em específico, o Catar passou a ser considerado uma das potências econômicas mundiais.

A exportação de gás natural e petróleo, quando somadas, chegam a 50% do PIB da região.

Proibições

Oriunda de costumes islâmicos, a população do Catar é considerada uma das mais rigorosas em relação às suas crenças. Quando o país escolhido como sede para a Copa de 2022, foram questionados os comportamentos dos torcedores e se seria possível tantas culturas diferentes se juntarem, por um mês, num país tão conservador.

Um dos exemplos é a proibição do álcool em locais públicos. A legislação do Catar dita que só é permitido o consumo de bebidas alcoólicas em locais privados, o que fez torcedores e turistas torcerem o nariz pensando na possibilidade de punição, caso sejam feitas cervejadas dentro dos estádios.

Outra proibição que causou (e causa) grande polêmica é a homossexualidade. Em terras catarenses, é proibido qualquer manifestação homossexual, prática considerada crime grave pelo governo local. Caso contrário, a punição pode ser prisão, castigo físico e até mesmo deportação do país.

Ainda segundo a legislação do Catar, também é proibido vestir-se de forma vulgar e fotografias sem autorização. A lista de restrições também abrange atos desrespeitosos nas ruas e atos sexuais entre parceiros não conjugais.

Egito: da era dos faraós aos dias atuais

O Antigo Egito é uma das principais referências de sociedades avançadas da Antiguidade, remontando ao tempo dos faraós. A nação que liga o nordeste da África ao Oriente Médio, no entanto, parece ser um mistério para muitos quando falamos sobre seus tempos atuais. Segundo publicação de Andrew Sylvia no site eHow Brasil, os egípcios estão no centro do mundo muçulmano atualmente, diferente de um passado no qual o país era dominado por crenças politeístas (além da presença do cristianismo, posteriormente). A fé em deuses como Rá, Sekhmet e Ísis, assim como os famosos mitos da Grécia Antiga, era uma marca das relações do povo com a natureza, a espiritualidade e o desconhecido.

As mudanças religiosas, de acordo com o texto, acompanharam as transformações políticas e linguísticas. Os governantes originais, os famosos faraós, foram dominados e seus descendentes mesclaram as tradições egípcias e gregas até a conquista do Império Romano sobre o Egito. Os novos governantes trouxeram uma nova língua e cultura, levando a língua nativa dos hieróglifos ao esquecimento. Segundo a publicação, o idioma ficou esquecido até a expedição comandada por Napoleão, em 1799, que descobriu uma pedra que a traduzia em grego. Posteriormente, com o surgimento do islamismo, o Egito adquiriu o papel de centro cultural do mundo árabe.

Em termos de representação na cultura pop, muito provavelmente o Egito é um dos países africanos mais explorados na ficção. O site Arqueologia Egípcia, da arqueóloga Márcia Jamille, tece comentários sobre produções midiáticas como o jogo Overwatch em seus textos. “A exemplo de muitos outros jogos ele traz algumas inspirações relacionadas com a antiguidade egípcia”, declara um autor colaborativo em uma publicação de setembro de 2017. Outras fortes referências culturais são encontradas nos filmes da franquia A Múmia (1999-2017), na franquia de animações, quadrinhos japoneses e jogos Yu-gi-oh! (1996-presente), em personagens como o Adão Negro da DC Comics e em diversas outras produções como os filmes Cleópatra (1963) e Deuses do Egito (2016).

Diferente do Catar, o Egito pode ser visto como um país que sempre foi relativamente conhecido e revisitado no imaginário popular graças à mídia. No entanto, grande parte das produções culturais como as mencionadas abordam muito mais traços culturais da Antiguidade do que aspectos contemporâneos do país. Há um apego maior aos elementos míticos e menos com a realidade de uma nação que, hoje, é muito diferente daquela que cultuava Rá. A falta de atenção adequada da mídia como um todo para os povos fora do eixo Europa-América do Norte pode ser um dos fatores responsáveis por isso. Em uma publicação do site Brasileiras pelo Mundo, em 2017, a jornalista Michelle Bastos fala sobre a homossexualidade no Egito devido a um incômodo com a abordagem de outro texto sobre o assunto. Se no Catar a homossexualidade é crime, para os egípcios não. “Nos casos que acontece alguma prisão de LGBTs é por enquadramento em leis como: crime de atentado ao pudor e moral, incitação ao vício, desprezo a religião, prostituição, promoção de orgias e devassidão. Esses itens sim são crime no Egito e não valem apenas para homossexuais”, declara Michelle em determinado trecho. Ela ressalta, no entanto, que a sociedade egípcia permanece conservadora para essas questões, apesar da legislação favorável à causa LGBTQIAP+.

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