Bairro Jardim Canadá sofre com disposição incorreta de lixo e entulho
Solução do problema depende de conscientização dos moradores e criação de uma unidade de recebimento de pequenos volumes na região
por Isabela Lana e Thiago Daniel
A tarefa é simples: acondicionar o lixo e deixá-lo em uma lixeira na porta de casa para que a equipe de limpeza urbana faça a coleta regularmente. Porém, no bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, muitas pessoas insistem em despejar aquilo que não é mais útil para elas nas ruas e em terrenos baldios, o que causa não só poluição ambiental, mas também poluição visual, mau cheiro e doenças.
Além de crime, essa prática traz consequências maléficas para o meio ambiente e para a saúde púbica, já que favorece a procriação de baratas, moscas e ratos, animais vetores de viroses, bacterioses e doenças graves, como a leptospirose e a peste bubônica. Sem falar no aedes aegypti, mosquito causador da dengue, zika e chikungunya. Além disso, em época de chuva os vestígios podem ser carregados pela água, espalhando lixo pelas ruas e causando alagamentos ao obstruir bueiros e canais de escoamento.
Mas esse problema se torna ainda maior quando é levado em conta o grande volume de entulhos, lixo eletrônico, pneus e móveis velhos despejados nos mesmos locais, o que favorece também o aparecimento de animais peçonhentos, como cobras, aranhas e escorpiões. Em alguns casos, existe ainda a preocupação de contaminação do solo, rios e lençol freático, já que alguns materiais, como eletrodomésticos inutilizados, contêm metais pesados e outras substâncias cancerígenas.
Para o descarte incorreto dos resíduos domésticos, não existe desculpa. Por mais que não exista coleta seletiva no Jardim Canadá, o que precisa ser revisto pela Prefeitura de Nova Lima, o caminhão de lixo atende o bairro regularmente e é dever de cada cidadão destinar esse rejeito da forma correta. Em relação aos entulhos e outros objetos, a falta de pontos de descartes legalizados para recebimento desses materiais na região é um agravante.
O morador Ronaldo Guimarães sempre passeia de bicicleta pelo bairro e fica desapontado ao ver tanto lixo e entulho espalhado pelas ruas. Ele acha que uma parceria da Prefeitura de Nova Lima e empresas privadas seria uma boa solução: “grande parte do lixo e do entulho que vemos jogados no Jardim Canadá estão nos limites do bairro, em áreas que pertencem à mineradora Vale. As placas de proibição instaladas nos locais não têm surtido efeito. Acredito que, se a Vale destinasse um terreno com os equipamentos adequados e a Prefeitura do município entrasse com a gestão, poderia ser criada uma unidade de recebimento de pequenos volumes, a exemplo do que acontece em Belo Horizonte”.
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Bons exemplos
As Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes (URPVs) em Belo Horizonte, às quais o morador se refere, são equipamentos públicos destinados a receber entulhos, podas, pneus, madeiras e objetos volumosos, como móveis e colchões velhos. O Programa foi criado em 1995 e permite que os moradores entreguem esses materiais de forma gratuita ou contratem um carroceiro para buscá-los.
Ao todo são 33 unidades espalhadas por todos as regiões da Capital, que funcionam todos os dias da semana, inclusive domingos. O material recebido é separado em caçambas e, após a triagem de recicláveis, rejeitos e inertes, os entulhos vão para uma das duas Estações de Reciclagem de Entulho da Prefeitura. Lá eles se tornam agregado reciclado e podem ser reintroduzidos na cadeia da construção civil.
No caso de eletrodomésticos, lâmpadas, pilhas e baterias, a PBH orienta os cidadãos a procurarem postos de recebimento gratuitos para deixar esses materiais, que podem ser tóxicos e nocivos ao meio ambiente. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei 12.305/10, a destinação nesses casos precisa ser compartilhada com o distribuidor, comerciante, importador ou fabricante.