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Edição Jornalística – PUC Minas

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A importância da arte na pandemia

por Anna Bracarence, Bianka Max, Cristiane Cirilo, Fernanda Bertolini, Marianna Ferry e Mathias Samer

Imagem retirada do site do CCBB

A pandemia da Covid-19, declarada oficialmente no dia 11 de março de 2020, mudou completamente os estilos de vida, rotinas, formas de sentir e até mesmo de consumir da população mundial. O período foi de descobertas e reflexões, mas também de lutas e dores. Com o distanciamento e isolamento social durando mais de um ano, a arte sem dúvidas está sendo um refúgio e abrigo entre conexões psicológicas e entretenimento em tempos tão turbulentos e estressantes.

Assim como muitos locais, os ambientes artísticos também precisaram passar por medidas restritivas e seu consumo e apreciação precisou migrar para plataformas virtuais. As pessoas passaram a visitar exposições virtuais de museus e acervos artísticos, o serviço de streaming registrou grande crescimento, diversos shows foram realizados por meio de lives, a venda de e-books aumentou, entre outros. O que nos leva a observar em números, como variados estilos de arte foram e estão sendo indispensáveis durante o período de isolamento para toda a população, diante dos crescentes acessos.

O renomado ator Paulo Gustavo, no 220 Volts, especial de fim de ano da Globo 2020, deixou uma mensagem emocionante sobre a importância da arte e do humor durante a pandemia. “Essa pandemia também deixou bem clara a importância da arte nas nossas vidas. Esse ano foi difícil? Foi. E foram as artes dramáticas, a música, o cinema, a dança, a cultura em geral que nos ajudaram a seguir em frente tornando tudo um pouquinho mais leve’’, declarou o humorista em um trecho da mensagem.

Segundo a psicóloga Débora Lopes (@deborapsicologa), especialista em psicoterapia e em orientação profissional e idealizadora do curso on-line Jornada do Bem-Estar, a pandemia modificou drasticamente a nossa liberdade de movimento e socialização, e a arte ajudou muito a preencher o excesso de tempo em casa, permitindo que as pessoas se sintam mais ocupadas por meio do consumo e da produção cultural, aliviando sentimentos negativos que a pandemia tem trazido, tornando-se um escape saudável da realidade que estamos vivendo, apesar de ter tido mudanças em sua forma de recepção diante dos modelos virtuais.

“A arte é algo que experimentamos e que mexe com as nossas sensações. Por exemplo, assistir a um filme em casa é diferente de ir ao cinema, diante da diferença na experiência da arte. No cinema, temos uma tela maior, um som geralmente melhor que o de casa, o cheiro da pipoca impregnado no espaço, eu acho que acaba sendo uma experiência mais imersiva do que assistir ao mesmo filme em casa. Por outro lado, ficamos mais à vontade no nosso próprio espaço, dá para voltar e ver uma cena novamente, podemos pausar para ir ao banheiro sem perder nenhuma cena. A arte mexe com os nossos sentidos e consumi-la virtualmente atinge menos deles. Claro que temos que considerar que algumas coisas já eram feitas em casa mesmo, como assistir à Netflix ou a outros serviços de streaming, por exemplo. Uma visita a um museu virtual pode ser gostosa, esclarecedora, culturalmente enriquecedora, mas você com certeza perderá parte da experiência de estar cara a cara com a obra’’, disse a psicóloga.

Há um grande questionamento sobre as tendências do estilo de apreciação artística que vai permanecer ou se esvair no período de pós-pandemia. Para Débora, é muito provável que o modelo presencial ganhe muitos adeptos.

“Penso que é difícil fazer previsões exatas agora, mas acredito que quando a pandemia acabar de verdade e realmente for seguro voltar a uma vida parecida com a que tínhamos antes, as pessoas poderão experimentar a arte presencialmente, aproveitando mais os sentidos. Mais uma vez pensando por meio de exemplos, assistir a uma live de um cantor ou banda é diferente de vivenciar um show ao vivo, presencialmente. Quando essas aglomerações se tornarem seguras de novo, eu suponho que as pessoas tenderão a dar preferência para esse consumo presencial de arte quando essa opção estiver disponível’’, declarou.

O fazer artístico também passou por mudanças

Se o modelo de experimentar a arte mudou, a sua forma de criar também sofreu algumas alterações para muitas pessoas durante o isolamento. A arte é resistência em qualquer tempo, por isso, além de ter sido usada como forte meio para diversos protestos que ocorreram durante a pandemia, ela também ganhou novos adeptos e foi essencial para trazer momentos de alívio e leveza por meio de sua capacidade de expressão, dando liberdade e ressignificando conceitos e sentimentos para artistas. 

Além de ser psicóloga, psicanalista e referência em Arte da Saúde, Aruane Amorim Reis (@aarpsicanaliseearte) também é uma escritora brincante. A arte entrou em sua vida no período da infância por meio da dança, até que em 2019, após momentos de angústia, a poesia se tornou sua grande aliada. Hoje, ela possui publicações em dois livros intitulados ‘’Antologias Poéticas’’. Para Aruane, a recepção com relação ao acesso aos meios de comunicação mudou, mas em relação à psique sempre será um mistério.

”Difícil dizer se muda a forma de sentir. Pois sentir é singular, mas ajudou muito a minimizar os sofrimentos. Ela tem sido a grande aliada no favorecimento da saúde mental dos sujeitos. Somos seres em mudança e adaptação o tempo todo. Acredito que a arte abriu modalidades de adesão e participação na ampliação de acesso.  A arte é singular, assim como seus processos. Durante a pandemia, portanto, é de se esperar que o fazer artístico apresente as diferentes subjetividades daqueles que os produzem – apresentando maiores ou menores mudanças, facilidades e dificuldades’’, declarou Aruane.

Durante a pandemia, Aruane criou o projeto Cuidando de Quem Cuida, aprovado pelo SUS do Ministério da Saúde, que visa aplicar variedades artísticas com os profissionais da saúde (música, colagem, textos, escritas, desenhos), com o objetivo de cuidar da saúde mental da categoria profissional.

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