Vale paralisa trens e atividades próximas à barragem de Xingu em Mariana
A ordem de paralisação veio da SRTE-MG, mas a motivação ainda não foi divulgada
Por: Anna Bracarence, Bianka Max, Cristiane Cirilo, Fernanda Bertolini, Marianna Ferry e Mathias Samer
A Vale S. A. informou, em nota divulgada nesta sexta-feira (4), a paralisação das operações de trens que circulam na Estrada de Ferro Vitória a Minas. A medida foi adotada seguindo decisão do Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE-MG). Foi determinada a interdição de atividades próximas à barragem Xingu, da Mina Alegria, em Mariana, na região Central do Estado.
Segundo a mineradora, a paralisação impedirá o escoamento de material da Usina Timbopeba, em Ouro Preto. Devido a isso, a produção será temporariamente interrompida. Ainda de acordo com a empresa, o impacto estimado é de 33 mil toneladas de finos de minério de ferro por dia. Além disso, haverá queda na produção da Mina de Alegria, que possui média de 7,5 mil toneladas diárias.
Em nota, a Vale disse que está tomando todas as medidas necessárias para a retomada das atividades o mais breve possível. Mas o foco da empresa está em garantir a segurança dos empregados e das comunidades localizadas no entorno de suas estruturas, segundo o que foi dito no texto.
A motivação da decisão pela Superintendência ainda não foi divulgada até o momento desta publicação. A barragem Xingu está em nível de emergência 2, em uma escala onde 3 é o estágio máximo.
“Não há risco iminente de ruptura, seguindo inalteradas as condições de segurança da estrutura. A barragem Xingu é monitorada e inspecionada diariamente por equipe técnica especializada e está incluída no plano de descaracterização de barragens da empresa. A zona de autossalvamento permanece evacuada, não havendo a presença permanente de pessoas na área”, declarou a Vale na nota à imprensa.
Desde o rompimento da barragem de Brumadinho, na Grande BH, que deixou 270 mortos em janeiro de 2019, muitas unidades foram interditadas no país e, principalmente, em Minas Gerais. A ação é fruto de uma maior fiscalização realizada pela Agência Nacional de Mineração (ANM), o Ministério Público e outras instituições em conjunto. Além disso, foi determinada a descaracterização (quando a barragem deixa de exercer a sua função) obrigatória das estruturas que usam o método “à montante”, considerado inseguro e o mais associado aos rompimentos.
Durante o pente-fino realizado pela força-tarefa, diversas barragens foram declaradas instáveis, o que exige paralisação e acionamento do nível 1 de emergência. Em casos onde a gravidade da unidade atinge nível 2 ou 3, a evacuação do perímetro, que seria alagado em caso de um rompimento, é obrigatória.