Protestos contra o presidente Bolsonaro levam multidões às ruas
Ao todo 109 municípios do país participaram dos atos contra o descaso e a má gestão do atual presidente na pandemia
por Igor Henrique Dias (artigo)
Nesse último sábado, dia 29 de maio, houve protestos em todo o país contra o presidente Jair Bolsonaro, e também a favor da compra das vacinas e da volta do auxílio emergencial para 600 reais. Os atos que foram organizados e ganharam força pela internet com as hashtags #29MForaBolsonaro e #29MPovoNasRuas reuniram multidões de pessoas em diversas cidades do país e foi o assunto mais comentado no Twitter no sábado.
A Avenida Paulista recebeu um mar de gente, que dizia repetidamente “Não é mole não, tem dinheiro pra milícia mas não tem vacinação!” Os protestos foram convocados pela Frente Povo sem Medo, Frente Brasil Popular e a Coalizão Negra por Direitos, que são organizações que tratam sobre diversas pautas sociais. A oposição a Bolsonaro já se articula de forma firme e organizada para que em 2022 o erro não se repita.
O atual presidente, que no momento conta com 24% de apoio a seu governo, vem entregando uma péssima gestão desde o começo da pandemia. Seus discursos ideológicos e negacionistas fazem com que seus apoiadores saiam às ruas sem máscaras, não sigam as medidas de distanciamento e se auto mediquem com cloroquina.
A oposição o culpa pelas mais de 460 mil mortes pela doença no país, visto que o Brasil poderia ter sido vitrine de vacinação na América Latina. Segundo o ex-secretário de Comunicação Social da Presidência da República, Fabio Wajngarten, o governo ignorou por dois meses uma carta da Pfizer, na qual doses de vacinas eram oferecidas.
Com o apoio diminuindo e a rejeição aumentando, fica claro os protestos terem sido tão grandes. Em 109 municípios de todos os estados do país e no Distrito Federal, houve movimentações com bandeiras e faixas que também pediam a valorização da saúde e da educação no país, se posicionando contra os cortes massivos nas universidades públicas, e pela defesa do Sistema Único de Saúde (SUS).
Ao longo dos protestos em várias cidades, pudemos ver os organizadores e participantes sempre de máscaras, em sua maioria a PFF2, diferentemente dos atos pró-Bolsonaro, nos quais não vemos nenhuma máscara sendo usada. Em algumas cidades também foi possível o distanciamento social durante o ato, porém, nas que reuníam um maior número de pessoas, como em São Paulo, alguns pontos de aglomeração foram inevitáveis.
No Recife, o protesto ficou marcado pela violenta ação de dispersão da Polícia Militar, quando um homem que não fazia parte da manifestação foi alvejado no olho por uma bala de borracha, resultando na perda de seu globo ocular. A vereadora Liana Cirne, do PT, foi atingida com spray de pimenta ao tentar frear o avanço da polícia, também precisou ser socorrida.
Os atos são uma tentativa de agilizar e pressionar a abertura dos 120 pedidos de impeachment que se encontram atualmente na Câmara dos Deputados, mas não se sabe se surtirão efeito tão cedo, visto que os pedidos já se acumulam há um certo tempo. De qualquer forma, é suficiente para ver que a forma negacionista com que o presidente vem tratando a pandemia não agrada a muitas pessoas.