Governo emite alerta de seca para Minas Gerais e mais quatro estados
Alerta preocupa especialistas quanto ao risco de racionamento de energia e alta nos preços dos alimentos
por Luiza Rocha
O Sistema Nacional de Meteorologia (SNM) emitiu um alerta de emergência hídrica entre os meses de junho e setembro para cinco estados: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. A falta de chuvas na bacia do rio Paraná, que concentra algumas usinas hidrelétricas, como Jupiá, Ilha Solteira, Porto Primavera e Itaipu, é a responsável pela preocupação de especialistas. Essa é a primeira vez em 111 anos desde a criação dos serviços meteorológicos que esse alerta é emitido.
Dados divulgados pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), em abril, mostram que, entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021, as hidrelétricas receberam o menor volume de chuvas em 91 anos. As chuvas só ficaram acima da média na Bacia do rio Paraná em dezembro de 2019, agosto de 2020 e janeiro de 2021, no restante houve déficit de precipitação. Desde o começo de maio, o volume foi de 27 milímetros, bem abaixo do acumulado, que é de 98 milímetros.
Segundo Lizandro Gemiacki, coordenador do 5° distrito meteorológico (DISME) do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Minas Gerais é um dos estados afetados por conta da baixa precipitação nos meses chuvosos. “A gente tem a estação chuvosa, que vai de outubro a março, e a estação seca, que vai de abril até setembro. Nessa última estação chuvosa, a gente teve os últimos três meses muito secos em grande parte dessa região, da região central e do Sudeste do Brasil. Aqui em Minas, não houve chuvas significativas desde meados de março”, explica Gemiacki.
Racionamento de energia
A falta de chuvas no país tem impacto direto no preço da conta de luz, isso porque a menor oferta vinda das hidrelétricas faz com que tenham que ser acionadas as usinas térmicas, que têm um custo de produção muito maior. Esse valor precisa ser repassado ao consumidor através da adição de bandeiras vermelhas à conta. Nas contas de luz de maio, já aparece o acréscimo da bandeira vermelha de patamar 1, que foi acionada no início do mês pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O Sudeste do Brasil representa cerca de 70% da produção de energia hidrelétrica do Brasil, segundo Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital Markets, em entrevista à BBC Brasil.
Aumento nos preços de alimentos
Além do risco de racionamento, a falta de chuvas impacta diretamente no preço das commodities; com a menor disponibilidade de produtos agrícolas, os preços sobem. Alguns dos alimentos que podem ficar mais caros são: milho, açúcar, café, trigo, laranja, entre outros.
O aumento dos preços de alimentos que são considerados ração para animais (milho e soja) pode também acarretar em reajuste do preço da carne. Os efeitos da falta de chuva devem aparecer rapidamente nos índices de inflação, segundo especialistas, já que o grupo de alimentação no domicílio responde por quase 20% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), taxa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e é o índice de inflação oficial do Brasil.