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Edição Jornalística – PUC Minas

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Teatro e isolamento: adaptações e estratégias das artes cênicas durante a pandemia de Covid-19

Com as medidas de isolamento, os profissionais do teatro precisaram tomar novas medidas para que as peças teatrais fossem realizadas

por Hellen Costa, Júlia Freitas, Leticia Miranda, Luiz Felipe Santana, Nayara Tibúrcio e Matteos Moreno

Devido à pandemia de Covid-19, várias áreas do entretenimento precisaram se adaptar para evitar a paralisação das atividades. No teatro não foi diferente, milhares de peças foram interrompidas no mundo todo.

Minas Gerais é um dos grandes palcos do teatro nacional. Grupos como Multimédia, Ponto de Partida, Giramundo Teatro de Bonecos e Espanca levam diversão e entretenimento a adultos e crianças. Além dos grupos, grandes e conhecidos espaços como o Palácio das Artes, o Sesi Minas e o Teatro Alterosa também ficaram ociosos.

A bem-sucedida trajetória de tantos grupos mineiros é fruto das tradicionais escolas de formação artística de Minas Gerais. Essas, que por sua vez mantêm as atividades em dia com contribuições financeiras do governos municipal e estadual, incentivam cada vez mais a cultura e a arte no Estado.

Mas, com a chegada da pandemia, a solução foi investir em novos formatos. As companhias começaram a transmitir espetáculos online, em plataformas como Zoom e YouTube e artistas transformaram suas casas em palcos, possibilitando que os espetáculos cheguem a mais lugares e pessoas.

Com a flexibilização das atividades em Belo Horizonte, os atores voltaram a atuar nos palcos, seguindo todos os protocolos de segurança, mesmo que o público ainda não possa estar ao vivo.

Mariana Babeto, atriz do Palácio das Artes que estreou recentemente a peça “Sharing: the night”, conta como foi esse momento de adaptação e a volta aos palcos.

Foto: Leandro Lopes

ENTREVISTA COM MARIANA BABETO

Em relação à renda, você consegue viver em Minas Gerais com o que ganha fazendo teatro? Você pretende continuar nessa área?

Creio que sim, mas não apenas como atuante, entende? A maioria dos artistas que conheço precisam dar aulas e ter projetos paralelos para ter uma renda razoável. Eu particularmente pretendo seguir nas duas áreas que gosto, que são o teatro e a biologia.

Como você enxerga o cenário teatral da atualidade?

Confesso que ainda é uma grande incógnita para mim, mas acho que na volta para o presencial teremos uma turma teatral mais híbrida, utilizando ainda mais recursos eletrônicos.

Como a pandemia tem afetado a área?

A gente tem visto muita gente tentando se entender enquanto artista nesses tempos novos, mas infelizmente nossa área já tem pouco investimento e agora está sendo ainda mais sucateada.

Você acha que essa modalidade de fazer peças online vai abrir novas oportunidades?

Sim! A internet é uma grande porta para novas pessoas, que muitas vezes nunca foram ao teatro.

As peças online tiveram diferença em relação aos números do público?

Sim! O público atingido foi bem maior do que esperávamos, mais de 5 vezes a capacidade do teatro que apresentaríamos presencialmente.

Para você, como foi encenar ao vivo e sem público?

Nas primeiras vezes foi muito estranho, pois não era uma relação de cinema e nem de teatro, era uma mistura dessas duas linguagens, então foi uma pesquisa para buscar um meio termo entre as duas.

Mariana Babeto ao centro em cena da peça “Sharing: the night”. Foto: Leandro Lopes

Como foram os ensaios da peça durante a pandemia?

Durante a pandemia tivemos duas formas de ensaio: a primeira era pelo zoom, tínhamos que mostrar as propostas cênicas por lá, figurinos improvisados com nossas próprias roupas e muitas vezes tendo que lidar com interferências de barulhos da casa; depois, passamos a ter encontros presenciais, usávamos máscara o tempo todo, não nos encontrávamos e nem dividíamos objetos. Foi bem desafiador criar cenas em grupo assim, mas acabou dando certo.

Quais adaptações vocês tiveram que realizar para essa peça? 

A peça foi no Palacete Dantas, como a estrutura lá era bem antiga e estava há anos fechado, o foco foi em limpeza, caprichar na cenografia e principalmente na internet, para podermos transmitir.

Tem algo que você considere positivo da experiência dessa peça?

Essa nova linguagem nos fez pesquisar novos artifícios, buscar formas de interação entre público e atores, entre atores e câmera e em geral novas possibilidades de relação. Foi preciso questionar coisas que fazíamos a vida toda, então sair da zona de conforto teve o lado positivo de nos desafiar.

Mariana Babeto (arquivo pessoal)

Com o retorno das atividades e a possibilidade de apresentações online, várias peças estão em cartaz. Confira alguns espetáculos que você pode curtir:

Peça: Mercedes
Quando: disponível até 30 de maio
Quanto: gratuita
Onde assistir: Viagem Teatral Play
Classificação: 12 anos

O espetáculo narra a história da primeira bailarina negra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Mercedes Baptista. Precursora da dança moderna brasileira, a artista criou uma identidade por meio da junção entre o clássico europeu e as raízes africanas.

Peça: EU-CASA
Quando: 21 de maio a 12 de junho, às sextas e aos sábados, às 20h.
Quanto: contribuição consciente
Onde assistir: Mungunzá Digital
Classificação: 12 anos

O grupo Parahyba Rio Mulher celebra três anos de trajetória com a temporada virtual de “EU-CASA”, trabalho que estimula as memórias e a relação entre o corpo e a casa.

Peça: Corpos Brasileiros
Quando: 22 de maio, às 20h; 23 de maio, às 19h; 29 de maio, às 20h e 30 de maio às 20h.
Quanto: gratuita
Onde assistir: no canal YouTube da Cia. Repentistas do Corpo
Duração: 45 minutos
Classificação: Livre

O espetáculo nasceu a partir nas influências e confluências entre as culturas indígena, portuguesa e africana, que tomaram lugar no Brasil e moldaram nossa força motriz.


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