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Edição Jornalística – PUC Minas

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JFest 2021: Mariana Spinelli e Maurício Paulucci debatem novos estilos de comunicação televisiva

por André Viana, Maisa Dias, Fabiana Meireles, João Costa, Tainara Diulle e Vitor Cardeal

A Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) da PUC Minas realizou, na última terça-feira (11) o JFest, evento anual dos cursos de jornalismo das unidades Coração Eucarístico e São Gabriel. Este ano o encontro ocorreu virtualmente e trouxe uma edição especial de esportes. Na oportunidade, foram convidados profissionais da área, que, juntos com os alunos, debateram sobre questões e desafios enfrentados pelo jornalista esportivo na atualidade.

Um dos destaques do dia foi a mesa “Novos Estilos de Comunicação nos Programas Televisivos”, que contou com a participação da apresentadora do SportsCenter da ESPN Brasil, Mariana Spinelli, e do apresentador e editor do Globo Esporte, Maurício Paulucci. Os jornalistas mineiros responderam perguntas de alunos e bateram um papo descontraído. A mesa foi mediada pelo professor e coordenador do curso de Jornalismo no São Gabriel, Getúlio Neuremberg.

Desafios do jornalismo de casa

Mauricio Paulucci contou os desafios que a pandemia trouxe para a cobertura diária dos clubes e abordou as mudanças na apuração e realização de entrevistas. Segundo ele, a Globo sempre primou pela boa qualidade das imagens e dos áudios, mas o distanciamento diminuiu as exigências. “A gente passou a aceitar uma entrevista que dá uma ‘travadinha’ e que a pessoa deixa o fundo da casa um pouco mais bagunçado’’, admitiu.

Reprodução/Globo
https://globoplay.globo.com/v/5299284/

O apresentador acredita que toda essa carga que o jornalismo vai herdar da pandemia é positiva. Ele contou que para realizar entrevistas distantes de Belo Horizonte, a Globo precisava conseguir uma filial próxima ao entrevistado para fazer as gravações. Já com as sonoras (trechos de entrevistas) sendo feitas por meio de plataformas de videochamada, o entrevistado pode estar em qualquer parte do mundo. 

Entrevista à distância do Globo Esporte com a jogadora de vôlei Thelma Dogg, da Islândia
Reprodução/Globo

Durante o comentário, Paulucci ainda relembrou duas entrevistas que o Globo Esporte fez com uma fonte na Islândia e outra na Turquia. “A internet e essas gravações por videochamada nos possibilitaram um encurtamento de distâncias e uma facilidade incrível para esse tipo de produção de conteúdo”, constatou.

Apesar do aprendizado, o jornalista também destacou alguns pontos negativos da produção à distância, como a perda de proximidade com as fontes. Para ele, a apuração e a observação faziam a diferença no presencial, e cita a oportunidade de poder observar os treinos coletivos e de ouvir o treinador.

Entrevista do Globo Esporte com o atacante Airton, do Cruzeiro 
Reprodução/Globo

Versatilidade no meio jornalístico

Ainda durante a mesa, os profissionais falaram sobre a importância de o jornalista ter conhecimento em diversas áreas, incluindo a técnica, que ajuda na otimização do trabalho em conjunto. Para Spinelli (foto), a equipe de produção carrega um papel essencial no trabalho do jornalista televisivo.

“Antes de querer ser um bom jornalista esportivo, queira ser um bom jornalista. Entenda o que o repórter, o produtor e os editores de vídeo e texto fazem. Tenha o mínimo de conhecimento sobre o trabalho dessas pessoas [da equipe]”, orientou. 

Reprodução/Instagram

Paulucci também comentou que a versatilidade é um dos principais quesitos para o diferencial da profissão.  “A gente tem a possibilidade de fazer tudo. Estar em todos os lugares é fantástico, porque você consegue entender o lado de cada um. Passar por todas as funções e entender como funciona cada uma delas é superimportante”, salientou.

Reprodução/Instagram

Experiências entre gerações 

Os dois convidados também falaram sobre a dinâmica entre os jovens no mercado e os jornalistas com mais experiência no ramo. Paulucci, que atua na Globo, destacou a admiração que tem pelos colegas, muitos deles inspiração para sua carreira.

“Eu tenho o privilégio de trabalhar com meus grandes ídolos como Rogério Correia, Maira Lemos, Guto Rabelo, entre outros. São todos meus colegas de trabalho, mas antes eram meus ídolos”.

Maurício Paulucci

Ele também falou a respeito de como a equipe mais experiente lhe ajudou com dicas e conselhos enquanto estava iniciando na emissora. “Nós da nova geração bebemos muito da nossa vivência, mas também da experiência do pessoal mais velho”, explicou.

Equipe SporTV no clássico Cruzeiro e Atlético-MG 
Reprodução/Instagram

Já Mariana Spinelli ponderou que é preciso ter humildade para aprender com quem é mais experiente, mas também ter confiança para sustentar seus posicionamentos.

“O primeiro passo é um passo para trás. Ver quem pode ser suas referências, mas também é importante mostrar por que eu estou ali”. Para a jornalista, o fundamental é a troca entre a nova geração e os mais experientes, pois cada um tem o que aprender com o outro. 

A apresentadora do SportsCenter reforçou também que uma parte do seu jeito de trabalhar foi adquirida através do modelo de outros profissionais. “Você tem que observar. Vê como a pessoa faz. Qual o limite daquela pessoa que tem mais experiência que você e ver o que você pode pegar daquilo e colocar no seu estilo”. Spinelli frisa que para que isso funcione é preciso se cercar de bons profissionais.

Equipe SportsCenter estreando o novo cenário do programa

Esporte x Cultura  

Mariana aproveitou o momento para falar de sua paixão pela cultura pop. A repórter, que é fã da cantora internacional Taylor Swift, ressaltou que o futebol e o pop sempre caminharam em segmentos distantes, por conta do preconceito enraizado e normalizado no esporte. 

“O futebol sempre foi um ambiente para homem, é um lugar machista e homofóbico”

Mariana Spinelli

A jornalista esportiva também deixou claro que a sociedade precisa entender que é normal uma pessoa ser apaixonada tanto por futebol quanto por música pop, e que essas paixões não têm nenhuma ligação com gênero e sexualidade.

“Eu sou a mesma pessoa que toma banho escutando Taylor Swift e sai do banho para assistir à Libertadores. É a mesma Mariana. Por que eu tenho que escolher uma Mariana só? Tenho que ser só a Mariana boleira? O futebol é música, cultura, política e entretenimento. Vamos trazer assuntos e nichos de pessoas que sempre foram marginalizadas dentro do esporte”, desabafou.

E-sports: as dificuldades do mercado bilionário  

Além dos desafios enfrentados e das experiências necessárias para se tornar um bom profissional, outro ponto de destaque levantado durante o debate foi a respeito dos e-sports que, mesmo com um mercado bilionário, não ganharam espaço na televisão aberta. 

Paulucci acredita que as mudanças no meio de comunicação ocorrem de forma mais lenta, e por esse motivo a presença diária dos jogos eletrônicos nos canais, principalmente abertos, ainda está distante de acontecer. “É um caminho natural, que ainda é muito distante. A TV é algo muito nichado”, comentou o jornalista.

Além disso, Paulucci contou que, mesmo com o crescimento notório dos e-sports, a falta de conhecimento sobre a modalidade ainda é muito grande. Ele explicou que há uma dificuldade por parte do público em entender a linguagem quando se trata de notícias relacionadas ao cenário de jogos eletrônicos.

Riot Games 

Assista à mesa completa:

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