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Edição Jornalística – PUC Minas

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A pandemia mudou a forma de entregar o conteúdo, aponta assessor de imprensa do Galo

por Bianca Max, Cristiane Cirilo, Marianna Ferry, Fernanda Bertollini, Anna Bracarence 

As redes sociais como vitrine dos clubes do futebol mineiro foram o assunto debatido na última palestra do evento JFest 2021, em edição especial de esportes, realizado em comemoração pelos 50 anos da Faculdade de Comunicação e Arte da PUC Minas. O episódio com a temática “A Comunicação dos Clubes nas Redes Sociais” contou com a participação dos ex-alunos da PUC, Daniel Hott e Marina Almeida, e também com Emmerson Maurílio, atual assessor de imprensa do Clube Atlético Mineiro.

A pandemia do novo coronavírus trouxe grandes desafios para as áreas de comunicação em todo o mundo. O futebol não ficou imune. Sem os jogos e eventos presenciais para cobrir, Emmerson Maurílio explica que a situação foi uma “virada de chave” nas estratégias de comunicação. O Atlético Mineiro sentiu a necessidade de reinventar, começando a produzir lives com entrevistados para manter a imprensa falando do clube e utilizando materiais antigos, como arquivos, imagens e vídeos, para produzir conteúdos diários.

Daniel Hott, que faz parte do time de comunicação do Cruzeiro Esporte Clube e já trabalhou como assessor de imprensa no América Futebol Clube, comenta que a situação atual “virou os holofotes”, já que o torcedor passou a ser um dos principais criadores de conteúdo dos clubes. É uma prática moderna transformar o material feito e disseminado pelos torcedores em conteúdo para as redes sociais do Cruzeiro. A atual assistente de comunicação do América, Marina Almeida, complementa que a circunstância também é uma forma de estabelecer que clubes de futebol podem ser formadores de opinião.

A rotina da comunicação dos clubes, mesmo antes da quarentena, baseia-se em acontecimentos cotidianos, tornando o dia a dia dos profissionais uma série de processos que vão além dos monitoramentos habituais de redes sociais. “Tudo se baseia na programação do futebol masculino”, Marina comenta lembrando que cada ação do time é uma forma de estabelecer o processo diário de comunicação. Hott explica que a “rotina” é quase inexistente, mas é importante estar preparado para eventualidades, permitindo sempre uma boa adaptabilidade em qualquer situação que venha a acontecer.

Ao ser questionado por um espectador sobre o destaque do Atlético nos meios sociais durante a pandemia, Emmerson esclareceu que isso ocorreu devido à conciliação ao gerar conteúdos acompanhando todos os acontecimentos. O assessor destaca que é necessário ter ciência de que os jogos são o que mais gera conteúdo e engajamento, então é possível compreender que este é o destaque para os meios de comunicação. Ele ressalta também a importância de uma linguagem jovem e moderna para manter a evolução dos materiais compartilhados.

Refletindo sobre a importância de uma boa gestão de marketing, Daniel Hott indica que o trabalho está limitado às quatro linhas do campo e é preciso dar o suporte dentro da área de atuação para que tudo funcione de acordo. Maurílio acrescenta a necessidade de estar ciente das emoções do torcedor, independentemente do resultado do jogo, sendo uma das principais ferramentas da boa gestão de marketing.

“Infelizmente há momentos em que se deve segurar a informação”, Emmerson transparece sobre a relação imprensa e assessoria de imprensa envolvendo clubes de futebol. É notável que, para a informação se manter relevante e chegar de forma positiva ao torcedor, deve-se manter uma relação bem elaborada e categórica com a imprensa. Daniel diz que é interessante ficar atento, já que “hoje em dia, a informação está em todo lugar”.

Após questionamento sobre táticas para manter sócios-torcedores durante o período sem torcida presencial nos jogos, Emmerson Maurílio esclareceu que a equipe de gestão de negócios está estudando novas formas de criação de conteúdo para fazer valer a assinatura do  Galo na Veia. 

Por não terem mais acesso aos jogos, principal objetivo da filiação do sócio-torcedor, Maurílio esclarece que é iminente a urgência de gerar conteúdos exclusivos e valiosos para o filiado, transformando a gestão de marketing em uma verdadeira agência. Entretanto, Hott propõe que a filiação do sócio-torcedor já não seja mais baseada no ingresso para jogos: “A própria taxa de ocupação dos estádios já não é 100%”, comenta. Marina concorda, ressaltando que o objetivo do associado está mais ligado ao acesso a conteúdo exclusivo. Ou seja, se sentir parte do clube e agregar valor para a comunidade esportiva é mais relevante para o sócio-torcedor.

A representação feminina na imprensa esportiva

A mesa “A Comunicação dos Clubes nas Redes Sociais” trouxe temáticas indispensáveis no contexto sociocultural contemporâneo. Adentrando nas transformações nas esferas de comunicação dos clubes de futebol, foi também abordada a participação e representação feminina na imprensa esportiva.

No Brasil, a ausência feminina em qualquer esfera do esporte é proveniente de fatos históricos. No dia 14 de abril de 1941, o decreto-lei 3.199, sancionado por Getúlio Vargas, proibia as mulheres de jogar “esportes incompatíveis com as condições de sua natureza”. Dessa forma, a prática de alguns esportes, inclusive o futebol, passou a gerar um olhar marginalizado sobre as mulheres que exerciam a atividade. O decreto acabou em 1979, mas apenas em 1983 o futebol feminino foi regulamentado no país.

Os acontecimentos provocaram distanciamento e atraso da participação feminina no futebol, criando um imaginário preconceituoso no Brasil. Todos esses fatos colaboraram para que atualmente a presença das mulheres na imprensa e cobertura midiática esportiva também se tornasse escassa e limitada, uma vez que ainda existem diversos preconceitos, dominação e até mesmo assédio no espaço profissional.

Segundo Daniel Hott, atual gerente de digital do Cruzeiro, há alguns anos ainda existia uma barreira na presença feminina no esporte, mas com o tempo está sendo possível quebrar esse tipo de estereótipo. Nas palavras de Daniel, ‘’É importante entender que o futebol precisa estar aberto para todos’’.

Emmerson Maurilio, gerente multimídia do Clube Atlético Mineiro, relata que o futebol sempre foi um meio fechado e machista. ‘’Acho que isso vem muito da questão dos vestiários e seu acesso restrito aos atletas, nunca se deu muito foco para o futebol feminino, então sempre foi um ambiente muito masculino’’, disse. Para Emmerson, isso está mudando com o tempo, apesar de o futebol ainda ter muitos homens e precisar abrir seu espaço cada vez mais. ‘’É uma coisa muito difícil, é uma coisa que a gente procura muito: narradora mulher. A gente precisa que essas narradoras apareçam, ainda mais com o espaço do futebol feminino aparecendo, é fundamental, é o momento, agora realmente que está ganhando abertura e visibilidade’’, declarou.

De acordo com levantamentos realizados pelo Uol Esporte em 2016, na TV fechada apenas 13% dos profissionais que aparecem na frente da tela são mulheres, quase todas elas na reportagem. Atualmente o meio esportivo admite mais a presença feminina em equipes de imprensa e demais esferas, mas ainda há diversas barreiras para mulheres que desejam seguir carreira no jornalismo esportivo, como preconceitos, falta de abertura profissional e de incentivos para ingressar na área.

A respeito dos desafios que mulheres sofrem especialmente na área de jornalismo esportivo, Marina Almeida faz um breve depoimento. Confira:

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