Donos de pequenos restaurantes sofrem com a pandemia e apostam em inovação para vencer crise
Por Bruna Alvarenga, Igor Henrique Dias e Maria Isabel Ferraz
Maio de 2020
Os microempreendedores estão tendo que inovar para manter sua empresa de pé em meio a pandemia do coronavírus. Após mais de dois meses de confinamento em Belo Horizonte, a situação não é favorável para os donos de pequenos negócios. Segundo um levantamento feito pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às micro e pequenas Empresas), pelo menos 600 mil micro e pequenas empresas fecharam as portas e 9 milhões de funcionários foram demitidos em razão dos efeitos econômicos da quarentena.
A pandemia de coronavírus mudou o funcionamento de 5,3 milhões de pequenas empresas no Brasil, o que equivale a 31% do total. Outras 10,1 milhões, ou 58,9%, interromperam as atividades temporariamente. É o que mostra a segunda edição da pesquisa “O impacto da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios”, realizada pelo Sebrae.
Pelo estudo, é possível observar como as formas de atuar dos pequenos empreendedores estão evoluindo neste momento. Entre as empresas que continuaram funcionando, 41,9% realizam agora apenas entregas via atendimento online. Outros 41,2% estão trabalhando com horário reduzido, enquanto 21,6% estão realizando trabalho remoto.
Outra maneira encontrada pelos pequenos empresários para não interromper o funcionamento foi implementar um rodízio de funcionários. Essa opção foi adotada por 15,3% das empresas. Já a implementação de um sistema de drive-thru foi a alternativa para 5,9% delas.
Em Belo Horizonte, no dia 18 de março, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) suspendeu as atividades da maior parte do comércio da cidade. A medida foi tomada com o objetivo de combater a propagação intensa da COVID-19, incentivando que as pessoas permanecessem em casa em isolamento social horizontal. Por causa disso, o setor de entrega é a área que mais cresceu em meio à pandemia, por ser uma das principais alternativas para consumidores e comerciantes durante o período de quarentena pelo coronavírus.
Pedidos de farmácias, restaurantes e supermercados estão em alta graças ao serviço de entrega em casa. De acordo com a pesquisa inédita realizada pela OnYou, uma das maiores empresas de cliente oculto do Brasil, os restaurantes são os que mais recebem pedidos, com 89% da preferência do cliente. Logo em seguida, vêm as farmácias, com 32%, e os supermercados, com 29%. Ainda entre os cinco primeiros colocados, estão as bebidas, com 14% da preferência , somando os pedidos de lojas e bares.
Porém, não é fácil assim para os microempreendedores que tocam sozinhos seu negócio. Vanessa Leite é uma chef de cozinha independente que está enfrentando dificuldades com suas vendas, mesmo com o crescimento de serviço de entregas. Microempreendedora Individual (MEI) desde 2016, Vanessa precisou mudar seu cardápio para adaptar sua empresa às necessidades do consumidor. “Até então, os meu produtos eram laticínios: queijos, requeijão, eu trabalhava com doces também. Então, devido à pandemia, eu tive que incrementar uma linha de refeições”, disse ela.
A maior parte dos lucros de Vanessa vinham de feiras de produtos artesanais. Entretanto, eventos assim já estão há quase três meses sem acontecer. Ela passou então a focar seu trabalho nos aplicativos de delivery, mas mesmo assim viu seu rendimento cair consideravelmente. “Estou usando aplicativos de delivery. Uso principalmente o Ifood e penso em ir para o 99Food. Mas não tenho nem capacidade de atender tanta gente. O rendimento é bem menor, principalmente no início”. Apesar da queda em vendas e arrecadação, Vanessa permanece confiante. Ela aponta que as pessoas priorizam a alimentação em momentos como esse. “Meu negócio está caminhando. Não como poderia estar, mas estamos indo”, conta ela.
Há, também, os comércios que nasceram devido à pandemia. Rodrigo Marques começou um novo negócio para aproveitar a alta do serviço de entrega e manter as contas de casa em dia.
O novo restaurante é bem recente. Rodrigo conta que ele é sua família estão se adaptando à nova realidade e em fase experimental, mas acredita que o resultado que tiveram até agora é muito positivo. Seu novo empreendimento não usa nenhum aplicativo de delivery. Eles acreditam que utilizar um serviço de entrega exclusivo é mais econômico e seguro para os clientes. Apesar da crise, Rodrigo e sua família continuam confiantes.
Apesar do delivery ser uma forma segura de comprar produtos essenciais, ainda é preciso ter cuidados redobrados com a higiene. Afinal, vírus pode sobreviver em superfícies por até dois dias. Na hora de encontrar o entregador, a recomendação é higienizar bem as mãos antes e depois, usar máscara e luvas, manter distância adequada e o mínimo de contato possível. Também é importante higienizar corretamente os produtos antes de guardar e evitar pagar em dinheiro, priorizando os cartões. Todo cuidado é pouco.