Coronavírus: crise política e eleições
Além de afetar fortemente a política e economia do país, a crise de saúde
instaurada pela Covid-19 pode comprometer o calendário das eleições de 2020
Por Leonardo Morais,
Luísa Olímpia,
Thayná Almeida e
Verônica Rodrigues
O Brasil e o mundo inteiro vivenciam uma das crises mais graves dos últimos tempos. Desde o fim de fevereiro, quando começaram as primeiras ações ligadas ao coronavírus no país, os efeitos da Covid-19 vêm sendo sentidos nas diversas áreas, principalmente na política.
A previsão é de que o cenário pós-pandemia seja tão crítico que, de acordo com o economista Luis Eduardo Assis, em entrevista para o canal do YouTube MyNews, vai atrapalhar a recuperação econômica do país que já vinha enfrentando uma crise desde meados de 2014. No atual cenário, o Brasil é um dos países mais afetados pela pandemia, com quase 600 mil contaminados e mais de 30 mil mortes. É evidente que parte da população está lidando com apreensão e luto pela perda de familiares e que uma grande parcela tem que lidar com a falta de renda, com o desemprego e com condições indignas de sobrevivência.
Ainda não é possível prever quando ou como terminará a situação que o Brasil vive hoje. No entanto, com o avanço da doença, o mundo político começa a estimar os danos provocados pela Covid-19. Além disso, as ações do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia têm gerado cada vez mais preocupação para a população.
A atual gestão da crise do novo coronavírus vem sendo criticada por especialistas de diversos setores, incluindo sanitaristas, médicos infectologistas, juristas, pesquisadores e cientistas. Os profissionais reprovam a condução do Governo Bolsonaro, bem como seu comportamento considerado negligente diante da atual situação. A constante troca de ministros, os ataques à imprensa e apoio a movimentos antidemocráticos por parte do presidente põem em xeque a retomada da economia e instala uma das maiores crises políticas já vistas.
Presidente x Governadores
Com esse momento de pandemia e isolamento, a comunicação política, mais do que nunca, precisa estar presente para manter a população informada. Os governos devem obedecer aos princípios do interesse público e, ao tocar nesse ponto, a verdade se impõe como princípio da narrativa governamental.
De um lado temos o presidente Jair Bolsonaro, que se contrapõe às medidas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e aos governadores dos 27 estados brasileiros, que é contra o isolamento social e prega o funcionamento do comércio, alegando que a economia não pode parar. Do outro lado, temos os governadores alinhados às determinações da saúde pública, com o intuito de garantir a segurança dos cidadãos e evitar que o vírus se espalhe ainda mais.
Eleições 2020
Devido às mudanças causadas no país em razão do novo coronavírus, a pandemia ainda poderá afetar as eleições municipais marcadas para os dias 4 e 25 de outubro. Até então, primeira alternativa seria adiar o calendário para outra data, ainda em 2020, assim as chances de controle da transmissão da doença são maiores, além de não estender os mandatos dos políticos atuais, que terminam no final deste ano.
Porém, o adiamento das eleições é considerado um assunto delicado. Sua aprovação é burocrática, uma vez que a própria Constituição define as datas em que as eleições devem ocorrer. Por isso, a decisão precisará passar pelo Congresso Nacional e Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Uma possibilidade que está sendo pensada, caso não haja melhoras significativas no atual cenário, é realizar mais de um dia de votação. Outra opção é permitir que as datas variem entre os estados, para que os mais afetados tenham um tempo maior para se recuperar.