Conexão 13

Edição Jornalística – PUC Minas

Cidade

Saneamento básico precário contribui para o avanço do coronavírus em BH

Falta de políticas públicas é um dos principais agravantes para o contágio e a disseminação

Por Leonardo Morais, Luísa Olímpia, Thayná Almeida e Verônica Rodrigues

Minas Gerais é o 12° estado brasileiro com o maior número de infectados pela Covid-19. Até o momento, 2 de junho de 2020, são 10.970 pessoas infectadas e 278 mortes. Os casos se concentram nas regiões de maior renda, no entanto, grande maioria dos casos fatais tende a ocorrer nas regiões mais carentes de recursos básicos. 

O saneamento básico caracteriza-se por ser um conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. Esses serviços são essenciais e impactam diretamente na saúde, qualidade de vida e no desenvolvimento da sociedade como um todo.

Levando em conta a pandemia do novo coronavírus, uma das principais medidas de prevenção são os hábitos de higiene, como lavar as mãos e o rosto com água e sabão. Porém, há desigualdade de acesso à política pública de saneamento básico entre os municípios da capital e da Região Metropolitana. Segundo estudo feito pelo Instituto René Rachou, em relação ao abastecimento de água, em 2010, foram registrados municípios com 75% de cobertura e, na outra ponta, com 99%.

Além disso, as pesquisas mostraram que domicílios com rendimentos acima de dez salários mínimos tinham cerca de três vezes mais chances de acesso adequado ao serviço de abastecimento de água e 4,5 mais chances ao esgotamento sanitário. Ainda, domicílios situados na área urbana tinham 6,5 vezes mais chances de contar com abastecimento de água e 12 vezes mais chances de ter acesso ao esgotamento sanitário adequado.

Apesar de possuir um alto índice de coleta de esgoto, que chega a cerca de 95%, de acordo dados apresentados pela Copasa, bairros de Belo Horizonte, como Paulo XI, Vista do Sol, além de periferias de diversas regionais da cidade, ainda sofrem com a falta de saneamento. Centenas de moradores convivem diariamente com esgotos a céu aberto e a exposição constante a animais, como ratos e escorpiões, além do mau cheiro e alta probabilidade de doenças em decorrência desses fatores.

Embora seja uma grande metrópole, esgoto a céu aberto, falta de abastecimento de água e casas sem caixa d’água, são realidade em algumas regiões de Belo Horizonte. Segundo um dado da Pnad 2018, 6% da população mineira não têm acesso completo ao serviço de saneamento básico, e um dos locais que sofrem com essa falta é a comunidade do Morro do Papagaio localizada na região Centro-Sul de BH. Levando em consideração que medidas de higiene são a principal forma de combate ao novo coronavírus, em locais com essa defasagem de medidas sanitárias, a exposição e risco da população são muito maiores, e nesse novo contexto em que estão vivendo os moradores desses locais buscam formas de unir esforços, para evitar o contágio.

Além disso, água tratada e tratamento de esgoto são fatores básicos para se evitar diversas doenças, o que torna muito mais ampla a preocupação desses moradores, sujeitos à contaminação por diversas patologias.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *