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Edição Jornalística – PUC Minas

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Primeiro final de semana do Novembro Negro é marcado por manifestações racistas em estádios de futebol

Taison, jogador do Shakhtar Donestk, foi expulso de campo após reagir às ofensas racistas da torcida. Em BH, segurança sofre racismo de torcedores atleticanos no Mineirão.

Por Beatriz Gonçalves, Marcelo Santos e Mari Rodrigues

Muito se fala sobre consciência humana para banalizar o mês da consciência negra, mas a 9 dias da data oficial dessa causa, casos de racismo continuam acontecendo ao redor do mundo. Nesse final de semana, a hashtag #FogoNosRacistas foi um dos assuntos mais comentados no Twitter, devido a dois ataques que aconteceram no futebol. O primeiro deles foi durante uma partida do Campeonato Ucraniano com os jogadores brasileiros Taison e Dentinho.

Os xingamentos aos jogadores do Shakhtar Donestk começaram 30 minutos após o início da partida contra o Dínamo Kiev. Os torcedores do Kiev ofenderam os jogadores, que demonstraram revolta em campo. Taison acabou sendo expulso após responder os xingamentos com um gesto obceno para a torcida do time rival e saiu de campo chorando. Em seu Instagram, o jogador desabafou: “Jamais irei me calar diante de um ato tão desumano e desprezível! Minhas lágrimas foram de indignação, de repúdio e de impotência, impotência por não poder fazer nada naquele momento!”.

O jogador Dentinho também se pronunciou em suas redes sociais, dizendo que desde o ocorrido não consegue dormir e já chorou muito. “Eu estava fazendo uma das coisas que mais amo em minha vida, que é jogar futebol e, infelizmente, acabou sendo o pior dia da minha vida”, desabafa. Os torcedores do time rival chamaram os jogadores de macaco e imitaram os sons do animal.

Já em Belo Horizonte, o Mineirão também foi palco de ofensas racistas no clássico entre Cruzeiro e Atlético Mineiro. O vídeo de torcedores atleticanos agredindo verbalmente um dos seguranças do estádio viralizou nas redes sociais. Na gravação, um dos torcedores grita: “Olha a sua cor”. Os insultos ocorreram após os seguranças tentarem apartar uma confusão que ocorria e fecharem as saídas de emergência do local. 

Em entrevista ao Superesportes, o segurança Fábio Coutinho relata: “Não quero me vitimizar, mas foi uma agressão injusta, ato racista, recebi vídeos que comprovam que ele cuspiu na minha face, me agrediu falando da minha cor. Foi uma agressão gratuita a um profissional e a um atleticano”. O Atlético emitiu uma nota repudiando as manifestações racistas que aconteceram por parte de sua torcida. Artistas e internautas também demonstraram revolta nas redes sociais.

Esses não são os primeiros casos de racismo no mundo do futebol. Em 2014, Daniel Alves, na época jogador do Barcelona, sofreu ataques da torcida do Villarreal, que jogou bananas em sua direção. No mesmo ano, o jogador santista Aranha também foi vítima de racismo por torcedores gremistas. Na época, um vídeo de uma torcedora atacando o jogador verbalmente viralizou na internet. 

Ter casos como esse acontecendo há poucos dias do feriado da Consciência Negra reforça a importância dessa data e demonstra que, mesmo em pleno século XXI e vivendo em um país miscigenado, o racismo é constante na vida de todos os negros, independentemente de terem conquistado ascensão social ou não. 

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