Da favela para o mundo
Da Serra à Europa, o Favelinha Dance reúne apresentações culturais para angariar recursos e se apresentar no Velho Mundo
Ana Flávia Barbosa
O Favelinha Dance, grupo de dança que promove o funk por meio de apresentações que difundem o ritmo, engaja lutas sociopolíticas e combate a desigualdade social e as violências urbanas, promoveu o evento Gala: Da Favela para o Mundo, na última sexta-feira (25). A cerimônia ocorreu no Galpão Cine Horto e reuniu diversos artistas da cidade a fim de arrecadar recursos para cobrir os gastos do Favelinha Dance em apresentações na Europa no final de novembro. Para cobrir as despesas de cinco membros do Favelinha Dance na capital francesa, o Gala: Da Favela para o Mundo cobrou do público um valor optativo de R$20 a R$50. As apresentações do evento variaram entre funk, hip hop, vogue e samba.
A oportunidade de se apresentar na Europa surgiu a partir do projeto Garota Hacker e de uma parceria com o Conselho Britânico e com a artista Ana Pi. O grupo integrará a proposta da artista dentro do projeto Dancing Museums e vai se apresentar no Museu de Arte Contemporânea de Paris. Em seu projeto, Pi questiona a noção de descolonização da instituição museu, que historicamente é um lugar que tem uma arte restrita e exige um comportamento padrão de um público específico.
Os dançarinos do Favelinha Dance participarão do projeto em Paris por três dias. No primeiro dia, os artistas estarão presentes em uma festa; no segundo dia, darão aula de dança; e no terceiro realizarão uma performance de caráter experimental. O objetivo é que, através da arte e das danças periféricas, os dançarinos revelem sua transdisciplinaridade e identidade.
Lá da Favelinha
O Centro Cultural Lá Da Favelinha é uma iniciativa independente, fundada pelo artista e produtor cultural Kdu dos Anjos, e autogerida pelos moradores da região. Localizado na Vila Novo São Lucas, uma das oito que formam o Aglomerado da Serra, na zona Sul de Belo Horizonte, o coletivo trabalha não somente sobre a ótica da promoção da cultura, mas traz também movimentos que debatem formas de empreender e resignificar a vida na favela.
Música, dança, moda. São diversas as formas que o Lá Da Favelinha atua com sua arte. E toda essa produção não está restrita aos morros, o que faz com que o coletivo tenha rompido cada vez mais fronteiras. Além do Favelinha Dance, o Remexe Favelinha, grife de periferia criada em parceria com o Sebrae em 2017, vai romper o além-mar e fazer um desfile de moda com realidade aumentada em Londres e Bristol.