Jornalismo independente ganha força no meio virtual
“Um espaço colaborativo sobre cultura e entretenimento”. É assim que a revista ZINT, de distribuição mensal e em plataforma online, é definida pelos seus fundadores. Atualmente, com 22 edições disponíveis, a ZINT oferece, gratuitamente, conteúdos produzidos com enfoque na área de cultura pop. Nas publicações, os leitores encontram críticas, playlists, indicações e resenhas dos principais assuntos da atualidade dentro do cenário cultural.
O projeto foi idealizado em 2017 pelos jornalistas João Dicker, 22, e Victor Monteiro, 23, que tiveram a ideia enquanto ainda eram estudantes da graduação na PUC Minas. “Sempre sonhei em trabalhar com revistas de entretenimento, antes mesmo de entrar na faculdade. Tivemos a ideia da criação da ZINT logo no segundo ano de faculdade, em 2015. Mas, foi só em 2017 que ela de fato saiu do papel.” conta Monteiro.
Mas, além de um sonho, a revista é vista por seus criadores como uma oportunidade de gerar informações de qualidade. Como destaca Dicker, “desde o início, nosso objetivo foi criar um espaço para que jornalistas e produtores de conteúdo, pudessem escrever e produzir e criar um material em que colocassem suas identidade.” relata. O jornalista também destaca que o grande diferencial da revista é a produção de um conteúdo relevante, bem feito e plural, seja nas abordagens ou na diversidade do público que a produz e a consome.
Atualmente a revista, que começou com produção de duas pessoas, conta com 63 colaboradores que se dividem entre quatro zonas de produção: desenho, design, fotografia e texto. Na equipe, estão estudantes de Jornalismo, Cinema e Publicidade e Propaganda, além de profissionais formado e especialistas, no cenário da comunicação e da artes. A estudante de Jornalismo, Bruna Curi, 21, é colaboradora da ZINT desde setembro de 2017, trabalha como colunista e vê a revista como uma oportunidade de ter contato com a área cultural.
“O que me motiva a escrever para a ZINT, é estar em contato com o jornalismo cultural. Eu tenho um grande interesse nesta área do jornalismo cultural e a revista me deu a oportunidade de trabalhar exclusivamente com isso, algo que eu não fiz nos meus estágios anteriores e não tem nada melhor do que fazer algo que a gente ama” diz a estudante.
Além de poder escrever com o que gosta, para Bruna, na ZINT é possível ter liberdade criativa e de produção, características que fazem parte do universo de trabalho independente. “Participar de um projeto independente é como um trabalho como qualquer outro, apesar de ser uma atividade bastante flexível. Na ZINT, os colaboradores têm liberdade para escrever sobre os assuntos que gostam, caso não tenha nenhum problema envolvendo as pautas, e para atuar nas áreas de produção: desenho, design, fotografia e texto”, fala Bruna.
JORNALISMO INDEPENDENTE
De acordo com dados divulgados, em 2005, pelo portal Observatório da Imprensa, aproximadamente 60% dos jornalistas recém-formados vão direto para o desemprego ou para outras atividades. Esse é um número preocupante e que exige dos atuais profissionais muita criatividade para enfrentar os desafios do mercado de trabalho.
Dessa forma, o jornalismo independente surge como uma alternativa para quem ainda não está empregado. A área da produção independente também tem sido procurada por jornalistas que estão desacreditados com a mídia tradicional.
Para Dicker, o mercado independente vem ganhando cada vez mais força. “Acredito que estamos caminhando para o auge desse segmento do jornalismo no Brasil. Com a constante descredibilização das instituições oficiais e tradicionais da sociedade civil como um todo (e a mídia/imprensa incluída), o jornalismo independente surge como um sopro de renovação para um contexto que precisa urgentemente de informação de qualidade sendo produzida e noticiada”, diz.
Mas, o mundo de profissões independentes não é fácil e apresenta dificuldades. Para Monteiro, um dos maiores desafios do mercado independente é conquistar visibilidade. “Já percebi que existem bastante desses produtores independentes, mas eles dificilmente ganham visibilidade, então acaba gerando um aspecto meio underground”.
Que deseja crescer no cenário independente precisa se planejar e se preparar para enfrentar desafios. “A gente acaba competindo com sites mais sólidos, com outros tipos de conteúdo, então é preciso estabelecer um plano de negócios muito bom pra poder conseguir mais visibilidade, chamar mais atenção. E se você quer, de fato, sair desse underground, você precisa investir dinheiro real nisso”, acrescenta Monteiro.
PLANOS FUTUROS
Com o esforço dos diretores e colaboradores, a revista tem alcançado bons resultados e conquistado um bom número de leitores e acessos no site. Mas, a ZINT ainda tem áreas para explorar.
“Ainda vejo que a ZINT tem bastante área para crescer. Por enquanto, “só” oferecemos um produto escrito, seja em matérias ou em colunas. A ideia é expandir isso, poder criar um conteúdo audiovisual bom, com vídeos do Youtube, podcasts, esse tipo de material”, diz Monteiro.
Os diretores têm estudado formas de atrair mais colaboradores e de impulsionar o crescimento da revista. “Em curto prazo, a ZINT passará por uma repaginação e formulação de sua interface e formato, abraçando ainda mais a existência enquanto veículo digital. A expectativa é de que cada vez mais encontremos colaboradores dispostos a participar do projeto e ajudar a ZINT a crescer, sempre dando espaço e voz para uma pluralidade de opiniões, visões e interpretações ricas”, diz Dicker.
A expansão da revista passa pela sua diversidade de conteúdo, que vai desde o Oscar, principal e mais famosa premiação do cinema, ao artista brasileiro Fabriccio, fora do mercado popular, que no seu disco capturou a realidade do negro na busca por sobrevivência no Brasil.
A popularidade, no entanto, não está mais restrito ao conteúdo. Nas redes sociais, publicações mensais e colunas, fica evidente também que o público quer experimentar a cultura e o entretenimento de outras formas e assim projetos independentes como a ZINT se revelam como uma oportunidade, tanto para os criadores, quanto para os colaboradores. Afinal, mais do que informação, o público precisa de qualidade e renovação sendo produzida e divulgada.
Grupo: Alexa Simon, Deborah Almeida, Elisa Senra, Érica Morato, Larissa Andrade e Mike Faria.