Estilo de vida vegano cresce em Belo Horizonte
Apesar do crescimento, veganismo ainda traz dúvidas em relação à saúde
O mercado vegano tem entrado em ascensão, aumentando o número de produtos, lojas e distribuidores. Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira, dois mil brasileiros se convertem ao veganismo toda semana. Uma análise feita pelo Vista-se, em 2015, com a ajuda do Google Trends, revelou que o interesse da população brasileira pelo veganismo aumentou mais de 500% nos últimos cinco anos.
Apesar do seu crescimento, a comunidade vegana ainda é pequena no Brasil. Segundo dados do Instituto Ipsos, apenas 4% da população brasileira, cerca de cinco milhões de pessoas, é vegana. A mesma pesquisa revela que 28% dos brasileiros têm procurado comer menos carne.
Etimologicamente o termo vegan foi criado em 1944, nos Estados Unidos. O veganismo se define como um estilo de vida que, por razões éticas, exclui todas as formas de exploração e crueldade contra animais, da alimentação ao vestuário. Seus adeptos têm uma dieta baseada em vegetais, livre de todos os alimentos de origem animal. De acordo com a sociedade vegana mais antiga do mundo, a The Vegan Society, da Inglaterra, existem várias versões de veganismo, mas o que há em comum em todas elas é “uma dieta baseada em vegetais, livre de todos os alimentos de origem animal, como carnes, ovos, laticínios e mel, bem como produtos de couro e/ou testados em animais.
SAÚDE
Uma dúvida muito frequente entre aqueles que não praticam ou querem começar a praticar o veganismo é sobre a qualidade da alimentação. Surgem questionamentos em relação a como conseguir os nutrientes essenciais em uma dieta considerada restrita pela opinião popular.
A nutricionista clínica e funcional, Brenda Ribas, explica que a falta de alimentos de origem animal não é nenhum problema: “Uma dieta vegana está associada a muitos benefícios de saúde por incluir mais fibra, ácido fólico, vitaminas C e E, potássio e magnésio, muitos fitoquímicos, bem como menores níveis de gordura saturada. Além disso, os veganos apresentam menores índices de doenças não transmissíveis, como câncer, obesidade, diabetes e hipertensão.” Ela ainda adiciona que a maioria dos animais consumidos pela população recebe rações, hormônios e muito antibiótico, o que reduz a qualidade nutricional da alimentação carnívora.
Entretanto, a especialista alerta que é necessário ficar atento a alguns nutrientes que são mais difíceis de se obter em vegetais, como ômega 3, ferro, zinco, e vitamina B12. No caso da vitamina B12, ela merece ainda mais atenção: “Os veganos não consomem a vitamina B12, pois ela está presente apenas em alimentos de origem animal e ovos, por isso normalmente é necessário fazer a suplementação.” Para Brenda, o importante é se ter uma alimentação bastante variada: “os nutrientes não estão concentrados em apenas um alimento, como é o caso da carne, porém estão espalhados em diversos outros”. Ariane Palma, vegana há oito meses, concorda. Ela afirma que a vitamina B12 foi uma das suas principais preocupações ao tornar-se vegana, mas procurou acompanhamento nutricional e nunca precisou tomar suplementos. Para ela, o mais difícil não foi a adaptação relacionada à alimentação, mas sim a produtos que não tivessem participação animal em sua produção: “o mercado de alimentos cresceu muito, mas o de roupa, cosmético e sapato, não.
MOTIVAÇÃO
Ariane diz que a solidariedade e amor aos animais é o que motiva seu estilo de vida: “o veganismo, pra gente, é um estilo de vida e não apenas uma dieta. Muita gente começa pela alimentação, mas depois vai se abrindo”.
O estudante de Ciências Biológicas, Marco Túlio, é vegano há três anos e compartilha da visão de Ariane. Segundo ele, o veganismo é “uma filosofia antiespecista que vai além da igualdade entre as espécies, trata-se do amor”, afirma. Túlio conta que, depois de três anos sendo vegetariano, ao torna-se vegano ele passou a cuidar mais da alimentação: “Comecei a prestar muita atenção nas questões nutritivas dos alimentos e na qualidade dos produtos”. De acordo com ele, a mudança afetou positivamente na sua saúde e bem-estar, o que o motivou a continuar adepto ao veganismo.
Marilia Gabrielle, fundadora do famoso restaurante vegano Las Chicas, localizado no Centro de BH, acredita que o veganismo não é dieta, é resistência. “Resistência à exploração animal, ao desmatamento, ao elitismo”, comenta.
Falta de opção na universidade
Apesar do estilo vegano estar crescendo e se tornando mais popular em Belo Horizonte, ainda há falta de opção de restaurantes para atender esse público. Esse tipo de problema ocorre, por exemplo, na universidade PUC Minas, campus Coração Eucarístico.
Por mais que o local tenha uma variedade de restaurantes e cantinas para os alunos, professores e funcionários realizarem suas refeições, não existe restaurante voltado para os veganos, ou que contenha comidas veganas no cardápio.
Ana Luísa Lima é estudante de Fisioterapia e lamenta a falta de opções: “Na maior parte das vezes acabo tendo que comer apenas saladas e carboidratos. É péssimo. Nem precisava de um restaurante totalmente vegano, mas um mais saudável com diferentes opções seria legal”.
Onde comprar produtos veganos em BH?
Apesar de, tradicionalmente, a comida mineira estar longe do estilo de vida vegano, nos últimos anos esse mercado tem crescido cada vez mais em BH. Entretanto, muita gente ainda não consegue encontrar produtos sem ingredientes de origem animal na cidade.
Por conta dessa dificuldade, blogs mineiros como Beleza Vegana e Vegan BH foram criados para auxiliar e informar a comunidade. Vegana há dez anos, a dona do blog Beleza Vegana, Eliana Castro, compartilha as opções veganas e alternativas no mercado da capital. Segundo Eliana, é possível encontrar na cidade, por exemplo, “alguns restaurantes que oferecem pratos veganos que vão muito além de salada e surpreendem quanto ao sabor. ”
Fizemos o box abaixo com indicações do blog Beleza Vegana de locais que vendem produtos veganos em BH:
Grupo: Alexandre Guglielmelli, Bárbara Lima, Bruna Curi, Giulia Staar, Sylvia Amorim e Vitória Costa.